A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono é uma doença multifatorial. Por esse motivo a abordagem
terapêutica deve associar medidas abrangentes a fim de otimizar o tratamento do paciente.
Medidas comportamentais são sugeridas ao portador de apneia do sono com objetivo de reduzir
o impacto negativo que a doença causa na qualidade do sono.
O tratamento principal da síndrome da apneia do sono baseia-se na gravidade da doença. No entanto, as medidas comportamentais no manejo da mesma devem fazer parte da terapêutica independente
da gravidade, podendo ter um papel adjuvante ao tratamento, mesmo em quadros mais graves.
A perda de peso é uma medida comportamental para a apneia do sono. Em geral um dos principais fatores
de risco para a apneia do sono é a obesidade. Ocorre em 70% dos casos. A perda de peso leva a uma
redução na gravidade da apneia. A perda de peso pode ser em decorrência da mudança de estilo
de vida, associada à prática de exercícios físicos e dieta alimentar. A cirurgia bariátrica muitas vezes é
indicada. A ingestão de álcool também está associada à má qualidade e maior fragmentação do sono. Além disso, o álcool pode agravar a apneia do sono. Ele causa a redução da atividade motora da faringe e a diminuição da resposta ao despertar. Também leva à diminuição da cognição, já prejudicada na apneia do sono. A atividade física é indicada também como terapia adjuvante no tratamento da apneia, pois ajuda na
redução do peso, melhora a função pulmonar e a qualidade do sono. Em trabalhos descritos, reduz a
gravidade da apneia do sono. A terapia posicional também é indicada, já que alguns pacientes
apresentam apneia somente quando dormem de barriga para cima, na posição de supina. Um dos
métodos empregados é a colocação de uma bola de tênis fixada na parte de trás do pijama do paciente
durante o sono; evitando que durma nessa posição.
O tabagismo também deve ser cessado, pois mostra uma piora da apneia por alterar a arquitetura do sono, a função neuromuscular das vias aéreas, dos mecanismos de despertar e do processo
inflamatórios das vias aéreas superiores. É importante ainda evitar a alimentação excessiva
próxima do horário de dormir. Esse fato piora a apneia, provoca o refluxo
gastroesfágico e aumenta os despertares durante o sono. Deve-se também evitar os sedativos. Os pacientes
apneicos são mais sensíveis às doses desses medicamentos, que levam à redução do tônus muscular
da faringe , piorando a flacidez e levando a um colapso maior na faringe. Consequente, a queda do
oxigênio. É importantemanter sempre os mesmos horáriosde dormir, levantar e evitar a
privação do sono. São medidas preventivas que visam melhorar a qualidade do sono, diminuindo
o impacto da apneia nos sintomas diurnos, como a sonolência.
Conclusão: hábitos inapropriados de sono, consumo do álcool, tabagismo, uso de sedativos e privação do sono podem ocasionar piora da apneia obstrutiva do sono . A perda de peso, a prática de exercícios físicos
e dieta alimentar adequada são medidas capazes de melhorar diversos parâmetros fundamentais
à saúde e trazem benefícios em pacientes com síndrome da apneia do sono. No tratamento
é importante garantir a melhora da qualidade de vida, da cognição da sonolência excessiva e a redução de
risco cardiovascular. Esses tratamentos comportamentais e posturais tornam-se um tratamento
complementar da síndrome da apneia do sono, promovendoa melhora da qualidade de vida
desses pacientes.
Dra. Vera Moron Rodrigues é Otorrinolaringologista e Médica do Sono
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