Em dois dias, reality da Globo já teve alerta de racismo e acusação de capacitismo
Há 24 anos no ar, o Big Brother Brasil luta para inovar seu formato e é inegável que ainda movimenta as discussões populares sobre comportamento humano — para o bem e para o mal. A nova temporada do reality da Globo estreou na última segunda-feira, 8, e já virou tópico de alta repercussão nas redes sociais com casos de alerta do uso de termo racista, acusação de capacitismo e até — acredite se quiser — preconceito com pessoas brancas e loiras.
Logo na estreia, o BBB24 tinha como dinâmica o “Puxadinho”, que contava com candidatos a entrarem na casa do programa — dependendo da escolha dos participantes já confinados. Para quem conhece o reality, era quase como uma Casa de Vidro, mas escolhida pelos brothers e sisters — que optaram em maior grau por pessoas fora do padrão de cor, peso e orientação sexual — apenas duas mulheres brancas e de cabelo preto foram aprovadas pela casa. Com isso, candidatos brancos, héteros e louros ficaram de fora. Essas decisões revoltaram duas ex-participantes do reality, as gaúchas Bárbara Heck (BBB22) e Natália Cassassola (BBB8 e BBB13). A primeira chegou a publicar no X (antigo Twitter) que “falou que é favelado: já ganhou” e “o ódio que o povo tem das padrões, gente, credo”. Após repercussão negativa, ela negou ter preconceito com pessoas da favela e então apagou todas as postagens. Já Natália gravou vídeos revoltada, dizendo que a dinâmica fez com que acontecesse o mesmo que ela passara na edição do BBB4, quando ela não fora escolhida para entrar na casa por voto popular — sendo preterida por Solange Cristina Couto Maria, a Sol Vega. “Tão acompanhando a palhaçada dessa dinâmica? Tá igualzinho a edição 2004 que eu participei, ficou nítido o negócio de preconceito nessa dinâmica, eu achei péssimo”, desabafou a loira. As duas reações viraram meme, sendo ironizadas como relatos de “padrãofobia”
Segundo o Ministério da Cidadania, capacitismo é o ato de fazer expressões inadequadas, olhares de julgamento, invasão de privacidade e ausência de pessoas com deficiência em diversos espaços. Durante a primeira prova da temporada, o participante Maycon Santos sugeriu o apelido de “cotinho” para a próteses usada pelo atleta paralímpico Vinícius Rodrigues, que teve parte de sua perna esquerda amputada após ter sofrido um acidente de carro há dez anos, em Maringá, no norte do Paraná. A produção do BBB também foi criticada por sua falta de adaptação da prova para o paratleta, que teve sua prótese desencaixada em alguns momentos e que não poderia molhá-la — havia uma parte da dinâmica que jogava gosma verde nos jogadores, e o apresentador Tadeu Schmidt precisou justificar o ocorrido ao vivo no programa exibido na terça-feira, 9. “Vinícius foi mais uma vez escolhido para subir no alçapão e encarar o desafio. Até aquele momento da prova, ele estava usando uma prótese que não era à prova d’água e se mostrou preocupado em molhá-la com aquela gosma verde, o que poderia estragar o equipamento. Foi só aí que a gente entendeu que essa era a preocupação dele, a gente também não sabia. O BBB então ofereceu a possibilidade dele trocar a prótese. Ele aceitou e, a partir dali acabou a preocupação”, discursou Schmidt. O apresentador também falou com Vinícius sobre a piada de Maycon, e o esportista reprovou a atitude.
A parte mais controversa do Big Brother Brasil até agora foi a fala considerada racista de Lucas Luigi, que chamou Leidy Elin de (sic) “macaca” enquanto os participantes escovavam os dentes. Leidy chamou a atenção do colega na mesma hora e depois conversou mais uma vez sobre o assunto. “Eu não precisava nem sentar com você e falar isso. É uma palavra muito pesada. É uma palavra muito forte, muito usada lá fora para agredir a gente verbalmente, a gente que é preto. O tempo inteiro querendo diminuir a gente. Então você presta muita atenção, não só comigo”, ressaltou a jovem. “Estava acostumado, realmente, no meio dos moleques é isso. Foi no automático, por isso te pedi desculpas. Não era para ter falado”, se desculpou ele.
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