Nos últimos anos, Paris esteve bastante empenhada em mudar sua paisagem e infraestrutura para poder receber bem os Jogos Olímpicos de 2024. Um dos desafios enfrentados foi o trabalho de despoluição do rio Sena, um local historicamente conhecido pelo acúmulo de lixo e esgoto. Para isso, foi adotada uma série de iniciativas, tendo como foco a data da cerimônia de abertura do evento, além das competições de triatlo e natação em áreas abertas.
É claro que, para a limpeza do Sena, os franceses apelariam para todos os avanços tecnológicos que pudessem. Uma das soluções escolhidas por seus engenheiros foi a construção de uma “catedral subterrânea” para o armazenamento de águas pluviais e esgoto. Saiba como isso funciona no artigo a seguir, do Engenharia 360!
Para um problema antigo, uma solução inovadora
Paris tinha um problema: durante alguns testes, ficou claro que era preciso melhorar a qualidade da água do Sena para a realização dos eventos de natação, principalmente se ocorresse nas vésperas alguma tempestade intensa – sim, as condições meteorológicas são sempre decisivas para a realização segura de eventos aquáticos. Neste contexto, a implementação de uma “catedral subterrânea”, além de outras medidas de contingência, seria fundamental.
Por hora, a prefeita de Paris e o chefe do Comitê Organizador das Olimpíadas, Tony Estanguet, garantem que o Rio Sena estará seguro para os atletas durante os Jogos. Inclusive, para demonstrar sua confiança, ambos prometeram nadar no rio antes do início das competições.
O sistema de saneamento de Paris
O que acontece com Paris? Bem, seu sistema de saneamento data do século XIX. E o problema é que ele foi projetado para coletar esgoto, água residual doméstica e água da chuva nos mesmos túneis subterrâneos. Então, em dias de chuva intensa, o sistema fica sobrecarregado, levando ao despejo de água não tratada direto no Sena. Nojento, não é mesmo?
Isso acontece cerca de 12 vezes por ano, liberando cerca de 2 milhões de metros cúbicos de água suja no rio. Porém, com a nova “catedral subterrânea”, esse número deve cair em apenas 2 vezes por ano, minimizando o risco de contaminação do Sena durante as Olimpíadas.
A obra emblemática
Os engenheiros estão chamando essa obra de catedral, comparando-a com a grandiosidade da famosa Notre Dame. É que a estrutura impressiona pelo seu tamanho (50 metros de largura e 30 metros de profundidade) e complexidade de construção. Talvez essa venha a ser uma das maiores conquistas da engenharia moderna da França, símbolo de combate à poluição hídrica, sustentabilidade e preservação do meio ambiente.
Em resumo, trata-se de um imenso reservatório de água, com capacidade de armazenar 50 milhões de litros – mais ou menos o equivalente a 20 piscinas olímpicas. O objetivo é evitar que, em dias de fortes chuvas, o esgoto não vá direto para as áreas de competições, prevenindo a contaminação do rio e garantindo que a água coletada seja devidamente tratada antes de ser liberada.
O legado duradouro da catedral subterrânea
A construção dessa “catedral subterrânea” é mais uma tentativa dos parisienses – provavelmente bem sucedida – de limpeza do rio Sena. O objetivo não é apenas tratar a água para os Jogos Olímpicos de 2024, mas garantir a qualidade de vida da população local e das futuras gerações. Com isso, o local deve ficar ainda mais propício para o lazer e a prática de esportes aquáticos.
O plano é criar três zonas balneares públicas nas margens do Sena – um feito considerado impensável há alguns anos e que hoje só é possível graças às inovações de engenharia. Além disso, devem ser construídas novas estações de tratamento de água adicionais e outras infraestruturas verdes para garantir que o rio permaneça limpo a longo prazo. Essas medidas são vistas por especialistas como um modelo para outras cidades que enfrentam desafios similares de poluição e que desejam transformar um problema ambiental e de saúde pública em uma oportunidade de revitalização urbana.
Fonte: Redação Engenharia 360