Alguma vez você já assistiu um desfile de moda e viu aquelas fotos com looks espalhafatosos que te fez pensar: “Usar isso aí? Tá doido?!” Ou “Só a modelo Fulana de Tal pode usar. Se fosse eu, passaria como doida na rua!”.
Essa impressão é muito comum. Isso significa que você provavelmente assistiu um desfile de moda arte ou como podemos dizer, moda conceitual.
Esse tipo de moda não é separado daquele comercial que somos acostumados a consumir nas vitrines e lojas online. Mas é uma forma do estilista/marca se expressar, uma forma de comunicação dele a fim de mostrar suas ideias, conceitos e apostas de tendências para aquela coleção. E geralmente essa demonstração vem envolta de uma atmosfera que nos faça viajar com cenografia, música, iluminação, e etc. Tudo que nos leve a viajar por alguns minutos no universo que o estilista quer nos levar.
Tá. Mais perguntas surgem. Eu sei. Mas para quê tudo isso se não dá para usar a roupa? Respondo já: o consumidor da marca – que geralmente são os convidados para esses “shows”, juntamente com os jornalistas de moda e muitas pessoas importantes do meio, são convidadas a parar, analisar, digerir a intenção que o estilista teve no desenvolvimento da coleção.
Uma história é contada a cada entrada de modelos e isso acontece a fim de que uma imagem seja vendida. Mais do que vender a roupa propriamente dita. O que, neste caso, como disse anteriormente, é uma moda que se aproxima da arte e usa o exagero a fim de levar aos nossos olhos vários tipos de sensações. Algumas pessoas podem adorar e achar maravilhoso! Mais outras podem ficar incomodadas com tanta ousadia.
Um dos estilistas que mais me causava incômodo era o Alexander Mcqueen. Um dos desfiles que mais amo dele é o do verão de 1999 – em que uma modelo se posicionava numa plataforma circular com um vestido todo branco – já bem diferente das modelagens que aceitamos como normal – e dois robôs entram jogando jatos de tinta no vestido enquanto a mesma girava nessa plataforma. Sensacional!
Outras marcas que utilizar deste recurso é John Galliano e o brasileiro Lino Villaventura.
Tá. Mas e os desfiles da moda que podemos comprar? Não contam histórias? Poxa! E como contam! Mas a esse tipo de moda que se pode “comprar” se dá o nome de moda comercial.
É aquilo que podemos referir como “aceitável” para ser usado. Menos espalhafatoso, menos rococó, menos exagerado. São peças que você pode normalmente ver numa vitrine.
E embora pouco fantasiosos, não quer dizer que seus desfiles são menos históricos e aqui sigo meu gosto pessoal e indico os desfiles icônicos da Chanel, muitos deles idealizados pelo Kaiser da Moda, Karl Lagerfeld; bem como alguns da Dolce & Gabanna que também são lindos de viver!
Moda conceitual x moda comercial são complementares a meu ver. A primeira traz a referência, enquanto a segunda transforma isso em apostas de venda. E agora que você já sabe a diferença delas, comece a perceber quais daqueles exageros se transformaram em peças comerciáveis numa sutileza poética das referências de conceito!
Até a próxima, pessoal!
Ana Larissa Rizzo é especialista em Negócios da Moda. É professora universitária, supervisora de vendas e merchandising e consultora de imagem e estilo para pessoa física e varejo.
Instagram: @ana.lari.rizzo