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Rio de Janeiro, 17 de Dezembro de 2024 – Em um movimento sem precedentes na história brasileira, o General de Exército da reserva Walter Braga Netto, um dos poucos generais de quatro estrelas do país, foi preso no último sábado por ordem do Ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF). A prisão, justificada pela acusação de obstrução de investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado, levanta questionamentos sobre a relação entre o judiciário e as forças armadas.

A Prisão de Braga Netto

A decisão de Moraes foi baseada em evidências coletadas pela Polícia Federal (PF), que, segundo fontes, incluem ligações e supostas entregas de dinheiro para financiar ações golpistas. O termo “suposto” foi usado extensivamente no inquérito, indicando a natureza ainda não conclusiva das provas. A prisão de um general de tal patente, especialmente um com a história e a liderança de Braga Netto, marca um ponto de tensão significativo entre a justiça civil e a instituição militar.

Reações e Implicações

Dentro das Forças Armadas, há uma percepção de desmoralização e insatisfação, particularmente entre os membros do Exército e da Marinha. A prisão de Braga Netto é vista por muitos na tropa como um ataque à honra e à integridade da instituição, exacerbando uma fissura que já estava presente.

A Ascensão do General Tomás

A narrativa é ainda mais complexa quando se considera a atual liderança do Exército. O General Tomás, atual comandante, foi apontado por fontes internas como alguém que manipulou politicamente para alcançar sua posição. Ele teria se alinhado com figuras chave como o Vice-Presidente Geraldo Alckmin e o Ministro Alexandre de Moraes, ambos de São Paulo, onde Tomás comandava o Comando Militar do Sudeste (CMSE).

Tomás teria prometido lealdade a esses figurões em troca de apoio para se tornar comandante, um movimento que culminou com a saída de outros generais de alta patente e a nomeação de Tomás após um discurso elogioso sobre a integridade das eleições e das urnas eletrônicas, um ponto sensível dado o contexto político recente.

Consequências para a Tropa e a Instituição

A prisão de Braga Netto, juntamente com as manobras políticas de Tomás, sugere uma dívida de lealdade que pode estar influenciando as decisões atuais da cúpula militar. Há uma sensação crescente entre os militares de que a instituição está sendo usada como peça em um jogo político maior, o que gera descontentamento e questionamentos sobre a autonomia e o papel das Forças Armadas no contexto democrático.

Juristas Questionam a Legalidade da Prisão de Braga Netto

A prisão preventiva do General Braga Netto não passou despercebida pela comunidade jurídica brasileira. Vários juristas, incluindo figuras de renome como Ives Gandra Martins, têm levantado questionamentos sobre a legalidade e a fundamentação da decisão do STF.

Críticas Jurídicas

Ives Gandra Martins, um dos mais proeminentes juristas do Brasil, expressou sua preocupação em um vídeo que foi amplamente compartilhado, inclusive sendo republicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro nas suas redes sociais. No vídeo, Gandra argumenta que a prisão preventiva de Braga Netto pode não atender aos requisitos legais necessários para tal medida, sugerindo que há uma interpretação subjetiva das evidências apresentadas pela Polícia Federal.

Segundo Gandra, a prisão preventiva deve ser uma medida excepcional, fundamentada em provas concretas e imediatas de risco à ordem pública ou à investigação. Ele questiona se a justificativa utilizada pelo Ministro Alexandre de Moraes realmente se encaixa nesses critérios, especialmente quando se recorre a termos como “supostamente” para descrever as ações atribuídas a Braga Netto.

Repercussão e Debate

O debate se estendeu além de Gandra, com outros juristas e advogados ecoando preocupações semelhantes. Posts nas redes sociais de figuras como André Marsiglia, um conhecido advogado, criticam a decisão de Moraes, sugerindo que a prisão foi usada como uma forma de antecipação de pena, não como uma garantia de integridade investigativa.

A discussão gira em torno da interpretação do artigo 312 do Código de Processo Penal, que exige que a prisão preventiva seja fundamentada em fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a medida. Criticos argumentam que os elementos apresentados pela PF, como ligações e supostas entregas de dinheiro, não parecem atender a esse critério de contemporaneidade ou urgência.

Implicações para o Sistema Judiciário

Esta controvérsia coloca em xeque não apenas a decisão específica sobre Braga Netto, mas também a prática de prisões preventivas no Brasil, levantando questões sobre o equilíbrio entre a necessidade de garantir a ordem pública e o respeito aos direitos fundamentais. A discussão pública e jurídica sobre este caso pode influenciar futuras decisões judiciais e legislações sobre o tema, refletindo uma tensão crescente entre segurança e liberdades individuais.

Por Júnior Melo, Correspondente de Política

Fonte Diário Brasil

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A Prisão de Braga Netto trouxe revolta até em outras armas e revela uma fissura aberta no Exército com a forma como o novo comandante chegou ao poder: ‘vendeu a alma pra chegar lá’