
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Em dezembro de 2023, o governo federal apresentou o Plano Ruas Visíveis. Anunciado como um marco no enfrentamento da miséria urbana, o programa previa cerca de R$ 1 bilhão em investimentos e a articulação de 11 ministérios em torno de sete eixos, que vão de assistência social e segurança alimentar a habitação, saúde, trabalho e renda. O objetivo era diminuir o número de moradores de rua no país.
A proposta incluía a ampliação de serviços de acolhimento, a criação de cozinhas solidárias, o fortalecimento do atendimento de saúde, a construção de unidades habitacionais e a realização de um censo nacional dessa população. A iniciativa envolveu governos estaduais e municipais, além de representantes do Judiciário, do Legislativo, de movimentos sociais e da sociedade civil.
O boom de moradores de rua
Apesar da promessa e da mobilização, o contingente de brasileiros que vivem nas ruas aumentou significativamente. Segundo dados do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (UFMG), eram cerca de 160 mil moradores de rua no momento do anúncio do plano. Em 2025, o número chegou a 345 mil — um aumento superior a 100% em pouco mais de um ano.
O crescimento não é homogêneo. O Sudeste concentra mais de 60% dessa população, enquanto o Norte responde por menos de 5%. A capital paulista, sozinha, abriga cerca de 100 mil pessoas, mais que o triplo do registrado há uma década.
Top 5 Estados com mais moradores de rua (2025)
- São Paulo – 146.940
- Rio de Janeiro – 31.693
- Minas Gerais – 31.410
- Bahia – 15.045
- Paraná – 13.854
Fonte: Observatório UFMG, 2025
O perfil demográfico mostra que aproximadamente 85% dos moradores de rua são homens. Ao todo, 70% são negros. Quase 10 mil pessoas têm menos de 17 anos e 32 mil são idosos com mais de 60 anos. Segundo o levantamento, a maioria deles não está em abrigos: dormem em calçadas, praças, viadutos ou ocupações improvisadas.
A UFMG e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) atribuem o aumento a um conjunto de fatores:
- Crise econômica e inflação, o que inclui perda de empregos e renda;
- Déficit habitacional, com insuficiência de moradias populares;
- Desmonte e demora na execução de políticas sociais; e
- Saída da pandemia: agravamento da miséria e do desemprego informal.
Fonte: Revista Oeste
Fonte: Diário Do Brasil