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Uma pesquisa revelou o que pode ser o nascimento de um novo oceano no coração da África. Segundo um estudo publicado na revista Nature Geoscience, pulsos rítmicos de rocha derretida estão subindo das profundezas da Terra, sob o leste do continente, e lentamente rasgando a crosta africana ao meio.
Região de Afar, na Etiópia, está situada sobre uma pluma de manto quente que se comporta como um coração pulsando. A pesquisa, liderada por cientistas das universidades de Southampton e Swansea, no Reino Unido, confirma que, a cada “batida”, envia ondas de calor e material fundido para cima, enfraquecendo a crosta terrestre.
Um continente se partindo ao meio. A região de Afar é uma das mais instáveis do planeta. Ali, três grandes falhas tectônicas se encontram: o Rifte do Mar Vermelho, o Rifte do Golfo de Áden e o Grande Rifte Etíope. Essa junção tripla é o cenário perfeito para o rompimento continental que, segundo os cientistas, já começou.
Conforme as placas tectônicas se afastam, a crosta se estica e se torna mais fina até se romper. Esse processo marca o início de uma nova bacia oceânica, algo que pode levar milhões de anos para se concretizar.
A equipe internacional envolveu especialistas de dez instituições, incluindo universidades do Reino Unido, Itália, Alemanha e Etiópia. Juntos, eles analisaram amostras e dados geofísicos que ajudaram a revelar o comportamento do manto sob a região.
Os pesquisadores coletaram mais de 130 amostras de rochas vulcânicas em toda a área de Afar. Ao analisar a composição química, descobriram padrões que se repetem, como se fossem códigos de barras geológicos. Esses padrões indicam que o manto pulsa de forma constante e organizada.
As faixas químicas sugerem que a pluma pulsa, como um batimento cardíaco. Esses pulsos se comportam de forma diferente dependendo da espessura da placa e de como ela se move. Em riftes que se expandem mais rapidamente, como o do Mar Vermelho, as pulsações se propagam de maneira mais eficiente e regular, como o sangue fluindo por uma artéria estreita Tom Gernon, professor da Universidade de Southampton, em nota da Universidade de Swansea
Esse movimento contínuo faz com que o manto aqueça e desgaste lentamente a crosta terrestre. O resultado é uma sequência de vulcões ativos e terremotos frequentes, sinais de que o continente está literalmente se partindo em dois.
O futuro: um novo oceano nasce na África? Segundo os cientistas, o processo ainda está em estágio inicial, mas o resultado final é inevitável. Com o tempo, a água do mar deve invadir a fenda crescente, formando um novo oceano e separando o Chifre da África do restante do continente, de forma semelhante ao que ocorreu quando o Atlântico se abriu há milhões de anos.
A evolução das elevações profundas do manto está intimamente ligada ao movimento das placas acima. Isso tem implicações profundas para como interpretamos o vulcanismo de superfície, a atividade sísmica e o processo de fragmentação continental Derek Keir, pesquisador da Universidade de Southampton e coautor do estudo
Essas correntes profundas podem fluir sob as bases das placas tectônicas e concentrar a atividade vulcânica onde a crosta é mais fina. O grupo agora pretende estudar a velocidade e a dinâmica desse fluxo subterrâneo.
Trabalhar com pesquisadores de diferentes áreas é essencial para desvendar os processos que acontecem sob a superfície da Terra e relacioná-los ao vulcanismo recente. Sem o uso de várias técnicas, é difícil enxergar o quadro completo, como montar um quebra-cabeça sem ter todas as peças Emma Watts, da Universidade de Swansea
Fonte: Uol
Fonte: Diário Do Brasil