
Na madrugada de sexta-feira, 13 de junho, uma operação coordenada por Israel atingiu em cheio a liderança militar do Irã, resultando na morte de altos oficiais da Guarda Revolucionária.
Ao mesmo tempo, centenas de drones foram lançados de uma base secreta em território iraniano, com o intuito de neutralizar sistemas de defesa aérea e mísseis antes que pudessem ameaçar Israel.
Paralelamente, cerca de 200 caças israelenses bombardearam instalações nucleares cruciais espalhadas pelo país.
O Mossad se preparou por um período que varia entre um ano e meio a dois anos para executar tal operação.
A infiltração quase total no regime iraniano permitiu que Israel evitasse uma represália mais contundente aos ataques realizados:
De acordo com relatos do Washington Post e do Wall Street Journal, durante meses, o Mossad contrabandeou componentes de drones para o Irã, utilizando malas, contêineres e caminhões.
No dia do ataque, equipes pequenas do Mossad posicionaram-se próximas a rampas de lançamento e sistemas de defesa aérea para lançar ataques com os drones.
Essa estratégia lembra a operação “Rede de Aranha”, recentemente conduzida pela Ucrânia, que envolveu drones contrabandeados para atacar aeronaves militares russas.
Agentes infiltrados
Após o início do grande ataque israelense, o Mossad divulgou imagens que mostram agentes israelenses em solo iraniano. Outros vídeos exibem ataques aéreos contra sistemas de defesa aérea e mísseis de longo alcance no Irã.
Conforme Yossi Melman, especialista em serviços secretos, os agentes atuantes no Irã não são cidadãos israelenses. “O risco para israelenses é muito elevado”, comentou Melman.
Os agentes envolvidos provavelmente pertencem à diáspora iraniana ou são oriundos de países vizinhos que falam persa e conhecem bem a cultura local.
“É provável que esses agentes tenham estabelecido empresas sob disfarce para importar equipamentos e componentes de drones”, acrescentou Melman, estimando que entre trinta a quarenta agentes do Mossad operaram em pequenas equipes dentro do Irã.
Supremacia aérea sobre Teerã
A quantidade limitada de mísseis balísticos disparados pelo Irã em resposta ao ataque israelense – cerca de 270 até a noite de domingo – pode ser explicada pelos ataques direcionados à defesa aérea iraniana.
Em menos de um dia após os primeiros ataques, Israel já tinha conseguido assegurar a supremacia aérea sobre Teerã. Fontes militares israelenses indicam que caças permaneceram ativos sobre o espaço aéreo iraniano sem interrupções até domingo.
A estratégia israelense, conhecida como “decapitação”, visou não apenas a infraestrutura militar mas também cientistas e oficiais militares que estavam em suas residências:
“Israel foi capaz não apenas de eliminar figuras conhecidas como Hussein Salami, líder da Guarda Revolucionária, mas também sabia onde residiam os cientistas nucleares – pessoas comuns”, declarou Citrinowicz.
A obtenção das localizações dos alvos dependia fortemente de informantes locais. Os serviços secretos israelenses puderam contar com uma parte considerável da população insatisfeita com o regime iraniano.
Operações secretas
Há aproximadamente vinte anos, Israel realiza operações secretas no Irã. Anteriormente, o Mossad já havia promovido atos de sabotagem, eliminado cientistas nucleares e coletado amostras próximas às instalações nucleares.
Antes da atual operação, os serviços secretos israelenses ampliaram sua infraestrutura já existente em território inimigo.
As capacidades de inteligência israelenses são incomparáveis às de qualquer outro país. Israel já demonstrou essas habilidades durante guerras anteriores contra o Hezbollah e agora novamente em Teerã.
No outono passado, Israel havia implementado uma estratégia similar no Líbano: eliminando líderes militares por meio de ataques precisos seguidos por bombardeios para desmantelar as capacidades militares adversárias.
Ceticismo
Apesar de tudo isso, especialistas em segurança israelenses expressam ceticismo quanto à possibilidade de esses sucessos levarem a uma vitória definitiva para Israel.
A dúvida permanece se realmente será possível aniquilar o programa nuclear iraniano; até o momento, segundo informações da força aérea israelense, as instalações subterrâneas na Fordo ainda não foram atacadas devido à falta das bombas necessárias para tal ação.
Apenas alguns analistas israelenses acreditam que este conflito levará ao levante do povo iraniano contra seu regime.
Da mesma forma, uma participação americana ao lado de Israel permanece improvável. Além disso, Teerã ainda mantém grandes estoques de mísseis balísticos espalhados por seu território e demonstra disposição e capacidade para utilizar esses mísseis em uma frequência maior.
Fonte: O antagonista
Fonte Diário Brasil