
São mais de 6,3 milhões de brasileiros que vivem com obesidade grave, segundo dados do Ministério da Saúde. E as principais opções disponíveis para perda de peso significativa são a cirurgia bariátrica — um procedimento invasivo, que exige mudanças permanentes no sistema digestivo — ou medicamentos injetáveis de alto custo. Mas agora, uma nova tecnologia pode abrir caminho para um tratamento mais acessível e menos invasivo.
A novidade foi presentada em maio de 2025 no European Congress on Obesity, a terapia oral SYNT-101 foi descrita como uma “pílula que imita os efeitos metabólicos do bypass gástrico, sem cirurgia”. O cirurgião do aparelho digestivo Dr. Rodrigo Barbosa explica que o medicamento cria um revestimento temporário no duodeno (primeira parte do intestino delgado), alterando a absorção de nutrientes e estimulando respostas hormonais de saciedade semelhantes às observadas após a cirurgia bariátrica.

O cirurgião do aparelho digestivo Dr. Rodrigo Barbosa explica que o medicamento cria um revestimento temporário no duodeno (primeira parte do intestino delgado), alterando a absorção de nutrientes e estimulando respostas hormonais de saciedade semelhantes às observadas após a cirurgia bariátrica
Na publicação, feita no News Medical (“Once daily oral treatment shows positive results in first human study for obesity treatment”), os pesquisadores divulgaram os primeiros resultados de um estudo humano, envolvendo nove participantes, além de dados obtidos em animais. Os achados mostraram segurança, tolerabilidade e alterações favoráveis nos hormônios que regulam a fome.
“A SYNT-101 representa um avanço significativo no tratamento da obesidade. Enquanto a cirurgia bariátrica promove mudanças anatômicas irreversíveis, essa pílula propõe um mecanismo não invasivo e reversível, preservando a massa muscular e imitando os efeitos metabólicos do bypass”, afirma o Dr. Rodrigo.
Diferenças em relação à cirurgia
Segundo o especialista, a cirurgia bariátrica é consolidada e segura, mas exige internação, cortes e mudanças definitivas no sistema digestivo. Já a SYNT-101 é administrada por via oral, com ação temporária — cerca de 24 horas — e sem necessidade de intervenção cirúrgica.
Possíveis indicações
A pílula pode ser uma alternativa para pacientes que buscam métodos menos invasivos ou que não têm acesso ou tolerância a medicamentos como os análogos de GLP-1, popularmente conhecidos como “canetinhas”. No entanto, o médico alerta que o estudo ainda está na fase inicial e que são necessários testes com grupos maiores e mais diversos para confirmar eficácia e segurança.
Os ensaios clínicos de Fase I e o pedido de autorização à FDA (agência reguladora dos EUA) estão previstos para o segundo semestre de 2025.
Se os resultados se confirmarem, a pílula poderá chegar ao mercado nos próximos anos, mudando a forma como tratamos a obesidade no Brasil e no mundo.
Dr. Rodrigo enfatiza que, se os resultados se confirmarem, a pílula poderá chegar ao mercado nos próximos anos, mudando o tratamento da obesidade.
Fonte: Estudo no News MedicalLink
Sobre Dr Rodrigo Barbosa
Cirurgião Digestivo sub-especializado em Cirurgia Bariátrica e Coloproctologia do corpo clínico dos hospitais Sírio Libanês e Nove de Julho.
CEO do Instituto Medicina em Foco e coordenador do Canal ‘Medicina em Foco’ no Youtube Link