Joilson Marconne/CBF

Acabou o tempo em que o futebol brasileiro era reconhecido internacionalmente apenas pela arte e pelas cinco estrelas no peito. Cobrir um evento esportivo no exterior exige respostas para perguntas como “o presidente da CBF será afastado?” ou “por que tanta bagunça?”. Foi assim por dois dias no Paraguai, durante o Congresso da Fifa.

Os mais de 20 anos sem um título de Copa do Mundo e a escassez de talentos, em comparação com décadas anteriores, ajudam a explicar a admiração mais discreta dos estrangeiros. Nem mesmo a contratação de Carlo Ancelotti, um dos técnicos mais vitoriosos da atualidade, para comandar a seleção, diminuiu a curiosidade em relação às turbulências na confederação. Novos tempos em que a cartola, e não a bola, destacam o Brasil mundo afora.

Ednaldo Rodrigues chegou ao Paraguai, na quarta-feira, como presidente da CBF. E foi embora desempregado. A participação no evento realizado na sede da Conmebol, nos arredores de Assunção, foi seu último ato no cargo, a menos que uma nova reviravolta judicial aconteça.

Ele tentou evitar o tema durante toda a viagem, mas, ao deixar o auditório da confederação sul-americana, na quinta-feira, não conseguiu escapar dos jornalistas. Foi obrigado a parar e ouvir as perguntas que não queria responder: sentia-se pressionado? Temia ser afastado da presidência? Tinha certeza da autenticidade da assinatura em uma homologação de acordo no STF, agora sob suspeita de falsificação? Ednaldo respondeu a tudo. Eram 16h39. Vinte e um minutos depois, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decretava seu afastamento. Do hotel ao lado da sede da Conmebol, o ex-presidente entrou em uma van e seguiu para o aeroporto, retornando ao Brasil, desta vez em silêncio.

Daqui a menos de um mês, quatro clubes, Palmeiras, Botafogo, Flamengo e Fluminense, estarão nos Estados Unidos para disputar o novo Mundial de Clubes. Um torneio difícil, com potências europeias e clubes do Oriente Médio, que mantêm excelente articulação nos bastidores da Fifa. Nesse cenário, boas relações dentro da entidade máxima do futebol são fundamentais. Os brasileiros chegarão à competição com a CBF sem um presidente efetivo, ou com um recém-eleito, dependendo da velocidade com que a eleição, determinada pela Justiça, for convocada e realizada. Estarão desamparados.

Em pouco mais de dois anos, o País será sede da Copa do Mundo feminina. Nesta semana, funcionários da Fifa estão no Brasil para visitar as oito cidades anunciadas como sedes. Sem saber quem manda na CBF para informar qualquer entrave encontrado. A crise é, de fato, sem fim. 

Fonte: Estadão

Fonte: Diário Do Brasil

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