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Economistas têm alertado para um fenômeno que vem chamando atenção no Brasil: a queda no desemprego não estaria acontecendo por causa da criação de vagas, mas porque muitas pessoas deixaram de procurar emprego ao depender de auxílios sociais, como o Bolsa Família. Para o coordenador do Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste da FGV Ibre, Flávio Ataliba, o país deveria seguir na direção contrária — incentivando o trabalho formal como principal fonte de renda das famílias. Segundo ele, esse cenário mostra que parte da população tem dificuldade de deixar a dependência dos programas e conquistar estabilidade por meio do emprego com carteira assinada.
Ataliba destaca que, apesar de o mercado de trabalho estar aquecido e o desemprego em queda, esse movimento não tem sido suficiente para tirar as pessoas da pobreza extrema. Ele reconhece que o aumento de benefícios ajuda a reduzir a miséria de forma imediata, mas não resolve o problema na sua raiz. “Precisamos romper esse ciclo e criar condições reais para que essas famílias tenham autonomia financeira”, afirmou o economista.
A economista e professora da Fundação Getúlio Vargas, Carla Beni, pondera que ainda é cedo para avaliar o impacto direto do Bolsa Família na procura por trabalho. Segundo ela, seriam necessários pelo menos dez anos de dados para uma análise consistente. Beni também lembra que a baixa remuneração e a falta de oportunidades para quem tem pouca escolaridade continuam sendo grandes obstáculos. “O mercado mudou. Hoje, é difícil encontrar quem aceite trabalhar o dia todo por um salário mínimo. Não é falta de mão de obra, é um novo padrão salarial”, explicou.
Depois de três anos de expansão dos programas sociais, o governo realiza um pente-fino para revisar benefícios irregulares, o que pode economizar até R$ 30 bilhões aos cofres públicos. Carla Beni defende ajustes quando forem necessários, mas ressalta que o Bolsa Família tem um papel importante na economia, gerando impacto positivo no consumo local. Já Flávio Ataliba afirma que o pente-fino precisa ser permanente, para garantir que quem realmente precisa continue recebendo o auxílio.
Fonte: Investi BR
Fonte: Diário Do Brasil
