Chega o Dia Internacional da Mulher e o assunto volta: as empresas podem exigir o uso de salto alto no ambiente de trabalho?
De fato, ainda não existe uma lei que impeça as empresas de determinar o uso do salto. Por isso, a despeito de causar desconforto e até prejudicar a saúde, o salto alto ainda é uma exigência – explícita ou velada – em muitas situações. E há também aquelas mulheres que optam pelo uso do salto por vontade própria, por acharem mais elegante e por se sentirem mais “seguras” do ponto de vista da autoestima.
Conforme pesquisa “O Salto Alto e a Mulher Brasileira”, realizada pela Pés Sem Dor com a participação de 1.835 mulheres, 53% das brasileiras usam sapatos de salto alto menos tempo do que gostariam. 80,1% indicaram que a dor é o principal motivo para não usar sapatos de salto alto por mais tempo.
Seja qual for o caso, observando as dicas abaixo é possível contornar – ao menos em parte – os problemas do uso – obrigatório, sugerido ou desejado – do salto alto durante a “jornada” de trabalho.
- Entenda o que o salto alto faz com o seu corpo – Todo mundo sabe que o salto alto altera a postura da mulher, tornando-a mais elegante. Por isso ele é tão cultuado. Mas essa elegância toda cobra um preço do ponto de vista da saúde. Segundo afirma Mateus Martinez, diretor de fisioterapia da Pés Sem Dor, o salto alto altera a biomecânica do corpo e seu uso contínuo pode ocasionar dores nos pés, tornozelos, joelhos, quadril e até na coluna. Portanto, se você notar que as dores e incômodos são muito grandes, procure trocar o calçado, o tipo de salto ou procure ajuda especializada.
- Se puder, escolha um modelo “Comfort” – O salto faz parte do Dress Code da sua empresa? Ou seja: ele é recomendado e usado pela maioria das mulheres? Então, o jeito é escolher modelos que ofereçam mais conforto. Por sorte, o mercado conta com marcas especializadas em calçados confortáveis que, apesar do salto, proporcionam uma boa sustentação para quem precisa permanecer com ele por todo o dia.
- Use saltos quadrados ou não tão altos – O salto fino ou “agulha” é, de todos, o mais elegante. Mas permanecer longas horas sobre um salto assim pode trazer consequências sérias para a saúde dos pés, joelhos e para a coluna. Saltos assim costumam medir em torno de 10cm, o suficiente para que 100% do peso do corpo se desloque para a parte da frente dos pés, alerta Mateus Martinez. Assim, prefira calçados com saltos quadrados, que dão mais sustentação, e opte por saltos não tão altos.
- Use o salto somente nas situações necessárias – Há quem necessite usar o salto alto apenas em determinadas situações: durante reuniões, em eventos ou encontros profissionais. Se for o seu caso, mantenha sempre um sapato baixo, confortável no local de trabalho e tire o salto sempre que ele não for requisitado.
- Use um sapato baixo para ir e voltar do seu trabalho – Muitas mulheres já adotam essa prática, mas não custa lembrar: o salto é obrigatório no trabalho, mas não no caminho de ida e volta, especialmente quem usa o transporte público deve evitar viajar de salto alto. Ônibus e trens lotados podem trazer uma série de riscos para quem está se equilibrando sobre saltos. Melhor levá-los numa sacola!
- Use palmilhas sob medida – Embora seja desafiador resolver as dores causadas pelo salto alto com o uso de palmilhas, a Pés Sem Dor desenvolveu um modelo especial de palmilha para esse tipo de calçado. capaz de proporcionar algum alívio. Segundo explica Mateus Martinez, ela é bastante fina, mas ajuda a acomodar o calçado nos pés, aumenta a segurança e dá suporte ao arco plantar, distribuindo o peso do corpo e aliviando a pressão sobre a região dos metatarsos: a parte dos pés mais exigida por quem usa salto alto.
Por fim, se você é o profissional responsável pelo Dress Code e pelos uniformes na sua empresa, considere sempre as consequências que o uso obrigatório do salto alto podem trazer, não somente para as profissionais, mas para a produtividade de um modo geral. Afinal, além de fazer mal para a saúde, o desconforto e as dores provocados pelo uso regular do salto alto podem afetar o desempenho. Promover a conscientização e a prevenção desse tipo de problema é sempre um caminho melhor para quem tem como objetivo cuidar do bem-estar dos colaboradores.