Numa ofensiva para impedir a presença da empresa chinesa Huawei no 5G no Brasil, os Estados Unidos propuseram financiar “qualquer investimento” no setor de telecomunicações do País. A proposta agressiva foi apresentada na terça-feira, 20, por uma delegação de autoridades norte-americanas em Brasília. O governo ainda ouviu pedido para escolher grupos de outras nacionalidades na construção da infraestrutura 5G, a tecnologia mais avançada do mundo em comunicação.
A campanha direta dos norte-americanos contra os chineses, vista por diplomatas brasileiros como uma reedição da Guerra Fria, que tinha a antiga União Soviética na outra ponta da disputa pela hegemonia econômica global, expôs uma proposta de aliança de desenvolvimento econômico há muito não demonstrada por Washington.
Por trás da disputa entre EUA e China está a liderança da tecnologia 5G e de todo o desenvolvimento econômico que essa posição pode gerar.
A Huawei é hoje a principal fornecedora de equipamentos centrais para o 5G, à frente da sueca Ericsson e da finlandesa Nokia. Os EUA não têm mais um grande fabricante e contam principalmente com os serviços das duas empresas nórdicas. As americanas Cisco e a Qualcomm permanecem no setor, mas não fazem equipamentos centrais.
“Há um equívoco de que não existe alternativa, não é o caso”, disse o diretor sênior interino para o Hemisfério Ocidental do Conselho de Segurança Nacional (NSC, na sigla em inglês), Joshua Hodges, num encontro, em Brasília com jornalistas convidados. “Há competição lá fora, está disponível e os EUA estão prontos para financiar isso”, ressaltou. “A China não apoia (o acesso à informação), veja o que eles fizeram com Hong Kong (a China impôs em junho deste ano uma nova lei de segurança em Hong Kong, com controle da mídia e diminuição de liberdades prometidas à ex-colônia britânica quando foi devolvida em 1997). Os EUA estão preocupados em como os chineses vão usar os dados e a tecnologia para assuntos de Estado, não para os usuários dessa tecnologia”, afirmou.
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