Pesquisadores afirmam que episódio é o primeira da história e pode inaugurar uma nova era no desenvolvimento de Inteligências Artificiais
Cientistas do Google DeepMind anunciaram ter usado um grande modelo de linguagem para solucionar um enigma matemático. A descoberta foi publicada na revista Nature.
A novidade vem sendo bastante comemorada no meio acadêmico e pode significar o início de uma nova era no desenvolvimento de Inteligência Artificial (IA).
Para quem ainda não ligou o nome à coisa, um grande modelo de linguagem, ou Large Language Models (LLMs), são assistentes que se popularizaram nos últimos anos por meio de plataformas como o ChatGPT, da OpenAI, e o Bard, do próprio Google.
Esses chatbots podem ler e entender conceitos. A partir disso, eles escrevem, reescrevem, codificam e podem apresentar até soluções já existentes. Mas nunca haviam criado algo totalmente novo.
Até agora.
O problema matemático
- Os pesquisadores da DeepMind usaram uma LLM batizada de FunSearch, que descobriu uma solução para o chamado “quebra-cabeça do conjunto cap set”.
- É um problema matemático de Ciências da Computação. Resumindo, consiste em descobrir quantos pontos você pode colocar em uma página sem que três deles formem uma linha reta.
- Até a semana passada, os estudos traziam soluções apenas para dimensões pequenas.
- Depois de milhões de sugestões e algumas dezenas de repetições do processo geral – o que levou alguns dias – o FunSearch descobriu agora novas e grandiosas construções.
- Mais do que isso! O FunSearch conseguiu criar um código que produziu uma solução correta e até então desconhecida para o problema do conjunto de limites.
Pesquisadores comemoram
Os cientistas da DeepMind ficaram eufóricos. A empresa, que fica sediada no Reino Unido, atua na área desde 2010 e foi adquirida pelo Google em 2014. Ela é focada justamente em pesquisas e no desenvolvimento de máquinas de inteligência artificial.
Para Pushmeet Kohli, o líder do projeto, a descoberta pode ser revolucionária:
“Esta é a primeira vez que alguém mostrou que um sistema baseado em LLM pode ir além do que era conhecido por matemáticos e cientistas da computação. Não é apenas novo, é mais eficaz do que qualquer outra coisa que exista hoje.”
Kohli acrescentou que esse pode ser a notícia mais impactante para programadores de computador em muitos anos:
“Isso será realmente transformador na forma como as pessoas abordam a ciência da computação e a descoberta algorítmica. Pela primeira vez, estamos vendo os LLMs não assumindo o controle, mas definitivamente ajudando a ultrapassar os limites do que é possível em algoritmos.”
Mais informações em nos sites da própria DeepMind, no The Guardian e também no MIT.
Por Bob Furuya, editado por Bruno Capozzi/Olhar Digital