Alexander Sikov/istock

Pesquisadores da Weill Cornell Medicine identificaram um circuito cerebral que, quando ativado, reduz a ansiedade sem prejudicar a memória. A descoberta, publicada na revista Neuron, abre caminho para tratamentos mais eficazes contra transtornos de ansiedade, sem os efeitos colaterais cognitivos comuns em medicamentos tradicionais.

O papel do receptor mGluR2 na ansiedade
O estudo analisou o funcionamento do receptor de glutamato metabotrópico 2 (mGluR2), uma proteína presente em vários circuitos cerebrais. Os pesquisadores descobriram que, ao ativar esse receptor em uma via específica que leva à amígdala basolateral (BLA), há uma redução significativa nos sintomas de ansiedade sem afetar negativamente a memória.

Os tratamentos atuais para transtornos de ansiedade costumam atuar em diversos receptores cerebrais, causando efeitos colaterais indesejados, como comprometimento da cognição. No entanto, essa pesquisa demonstrou que estimular seletivamente o circuito correto pode evitar essas consequências.

Detalhes do estudo
A equipe utilizou uma abordagem inovadora chamada fotofarmacologia, que permite ativar receptores específicos com luz. Isso possibilitou identificar dois circuitos que se conectam à amígdala e estão envolvidos na regulação da ansiedade:

Circuito Córtex Pré-Frontal Ventromedial – BLA: a ativação do receptor mGluR2 nesse circuito reduziu comportamentos ansiosos, mas também levou a comprometimento da memória de trabalho.
Circuito Ínsula – BLA: a ativação do mesmo receptor nesse circuito reduziu a ansiedade sem afetar a memória, normalizando comportamentos sociais e alimentares.


Implicações para o tratamento da ansiedade
A descoberta do circuito Ínsula – BLA como um alvo potencial para o tratamento da ansiedade representa um grande avanço. Atualmente, os medicamentos ansiolíticos, como benzodiazepínicos e antidepressivos, podem causar sedação, dependência e prejuízos cognitivos. O estudo sugere que, ao desenvolver tratamentos mais seletivos para esse circuito, poderemos obter um alívio da ansiedade sem os efeitos colaterais comuns.

Próximos passos na pesquisa
Agora, os cientistas buscam formas de desenvolver medicamentos que atuem exclusivamente no circuito Ínsula – BLA, sem afetar outras regiões cerebrais onde o receptor mGluR2 está presente. Além disso, a equipe pretende usar essa tecnologia para estudar outras classes de medicamentos, como opioides e antidepressivos, e entender melhor seus impactos nos circuitos cerebrais.

Fonte: Catraca Livre

Fonte Diário Do Brasil

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INOVADOR: Pesquisa representa um marco na compreensão dos mecanismos cerebrais que controlam a ansiedade