O interior paulista, novo epicentro da pandemia no Estado, registrou pela primeira vez número maior de novos casos da covid-19 do que a capital no fim de semana. Mesmo com aval para liberar o comércio segundo o plano de reabertura gradual da gestão João Doria (PSDB), Campinas e Sorocaba fecharam as lojas ontem diante da alta de infectados. Já Marília e Registro, que receberam orientação do governo para retomar restrições a atividades econômicas, decidiram manter o comércio aberto. O Estado informou já ter notificado os dois municípios.
São Paulo chegou a 12.634 mortes segunda-feira (22). A previsão do governo era de passar de 16 mil no fim do mês, mas agora a gestão Doria disse que a alta diária de óbitos tem sido menor do que a projeção inicial.
No Brasil, o total de mortes atingiu 51.407, aponta levantamento conjunto dos veículos de comunicação Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL. Ontem, foram 748 novos registros. Segundo o balanço, 1.111.348 já foram infectados no País.
“O interior (paulista) passou a capital em número de novos casos este fim de semana, com 14,5% a mais. Registra inversão na lógica de que a capital era o epicentro da crise”, disse o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi. “É um momento de cooperação, tendo em vista que a ação de um prefeito afeta os municípios vizinhos.” O plano estadual de flexibilização da quarentena tem cinco fases. Cada região é classificada em uma etapa, considerando o número de infectados, mortes e a ocupação das UTIs. Se há piora no quadro, a região pode regredir de fase.
A taxa de ocupação de leitos de UTI no Estado de São Paulo ontem era de 65%. O governo admite haver estoque baixo de anestésico para entubar pacientes, mas diz já ter pedido nova remessa à União.
Com todos as UTIs públicas e privadas para a covid-19 ocupadas e três pacientes na fila, Sorocaba voltou a fechar o comércio segunda-feira (22). Embora siga na fase laranja, que permite reabrir lojas e shoppings, na prática a cidade regrediu à vermelha, de maior restrição. No centro, guardas-civis percorriam as ruas para fiscalizar.
“Estamos em vias de aumentar a disponibilidade de leitos em dois hospitais, mas até lá a população precisa colaborar. Com a flexibilização anterior do comércio, houve muito abuso, desleixo grande da população”, disse o médico Fernando Brum, do comitê local de combate ao vírus. A restrição vale até sexta.
Campinas, além de restringir o comércio, suspendeu cirurgias eletivas para desafogar hospitais. A cidade está na fase laranja, mas adotou restrições do nível vermelho. Na rede municipal, a lotação das UTIs é de 100%. Consumidores desavisados ainda foram aos shoppings ontem, causando aglomeração.