Anteriormente, a falta de acesso à internet era um problema para os indígenas marubos que vivem no Vale do Javari, no oeste do estado do Amazonas. No entanto, com a chegada da Starlink, empresa de Elon Musk, em 2022, o acesso à rede mundial tornou-se um problema ainda maior: muitos membros da comunidade estão viciados em pornografia e redes sociais.

Os marubos habitam o Vale do Javari, uma terra indígena demarcada pelo governo federal em 2001. Com cerca de dois mil membros, eles subsistem por meio da caça, pesca e agricultura. Seu estilo de vida foi preservado por séculos, uma vez que vivem em uma área remota e tiveram pouco contato com estranhos. Algumas aldeias podem levar até uma semana de viagem no interior da floresta amazônica para serem alcançadas.

Os marubos falam sua própria língua, o marubo, e praticam rituais religiosos que incluem o consumo de ayahuasca, uma planta com propriedades alucinógenas.

Com a chegada da Starlink ao Brasil, em 2022, diversos locais remotos na Amazônia passaram a receber sinal de internet. Na região onde os marubos vivem, o sinal só chegou em abril deste ano. Agora, com a internet, eles perceberam que podem chamar ajuda emergencial de maneira rápida, algo que antes levava dias. No entanto, o lado negativo da conectividade também se manifestou: o fácil acesso a conteúdo pornográfico levou alguns membros a compartilhar imagens obscenas e vídeos explícitos em chats em grupo.

Alfredo Marubo, um membro do grupo, revelou ao New York Times que essa súbita exposição à pornografia desencadeou comportamentos sexuais preocupantes entre os jovens habitantes locais. Enoque Marubo, uma das lideranças do grupo, relatou que o cotidiano mudou drasticamente no último mês, com os membros demonstrando menos interesse em trabalhar. “Mudou tanto a rotina que foi prejudicial. Na aldeia, se você não caça, pesca e planta, você não come”, disse ele.Anuncios

Outra liderança, TamaSay Marubo, observou que a chegada da internet afetou principalmente os jovens: “Quando a internet chegou, todos ficaram felizes, mas agora as coisas pioraram. Os jovens ficaram preguiçosos e estão adotando os costumes dos brancos”. Além do vício em pornografia, os marubos também relatam que muitos membros passam a maior parte do dia nas redes sociais, especialmente no Instagram.

Com informações de R7/ND+

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Internet chegou a tribos indígenas, índios passam o dia vendo pornografia e deixam de caçar