
Quando falamos de Israel, é comum que o mundo enxergue apenas o que aparece nas manchetes: tecnologia de ponta, conflitos incessantes, inovação disruptiva. Mas, para nós, judeus, Israel nunca foi apenas um ponto geográfico. É um eixo espiritual. É uma promessa viva. É a materialização de séculos de esperança, resistência e visão.
Israel não nasceu de uma circunstância política favorável. Nasceu de fé. De resiliência. De um povo que atravessou desertos físicos e existenciais para manter viva uma promessa feita há milênios.
É essa memória — e essa visão de futuro — que moldam Israel em sua essência.
Um milagre que se constrói a cada dia
A história moderna de Israel é muitas vezes chamada de “o milagre do século XX”. Mas quem caminha por Tel Aviv, por Jerusalém, por Haifa, sabe: milagres aqui não caem do céu. Eles são construídos todos os dias.
Cada startup fundada, cada universidade erguida, cada laboratório que produz inovação é uma extensão da história de Avraham, Yitzhak e Yaakov: não basta esperar a bênção. É preciso agir. É preciso criar.
Israel, com seus pouco mais de 9 milhões de habitantes, tornou-se líder mundial em tecnologia, medicina, agricultura e segurança cibernética. Não por acaso. Mas porque somos um povo que aprendeu a não apenas sobreviver — mas a prosperar mesmo quando as condições parecem impossíveis.
A fé como combustível da inovação
É impossível entender Israel sem entender o papel da fé.
A fé judaica nunca foi estática. Sempre foi uma fé em movimento: saímos do Egito, atravessamos o mar, caminhamos pelo deserto. Sempre soubemos que o mundo perfeito não seria encontrado pronto — seria construído, passo a passo.
Essa dinâmica espiritual molda também o espírito inovador de Israel.
Inovamos não apenas para ganhar mercado. Inovamos porque carregamos em nosso DNA a obrigação de melhorar o mundo, de fazer o Tikun Olam — a reparação do mundo. Cada avanço tecnológico, cada descoberta médica, cada iniciativa empreendedora que sai de Israel é, no fundo, uma extensão desse mandamento ancestral.
Um futuro construído com memória
Israel é um país jovem, mas sua alma é milenar.
Quando olhamos para o futuro, não o fazemos como quem ignora o passado. Pelo contrário: Israel é o país que pára, todos os anos, para lembrar seus mártires no Yom HaShoá, que respeita cada soldado no Yom HaZikaron, que celebra cada passo de liberdade no Yom HaAtzmaut.
Nossa visão de futuro é construída sobre as ruínas de templos destruídos, sobre as lágrimas de exílios forçados, sobre as cinzas de campos de concentração.
E, por isso mesmo, é uma visão que não se dobra facilmente. Que não desiste. Que não negocia sua identidade.
Israel é o futuro que se lembra. É o amanhã que honra o ontem.
Fé e inovação: dois lados da mesma moeda
Para quem vê de fora, fé e inovação podem parecer opostos: um, espiritual; o outro, tecnológico. Para nós, judeus, são inseparáveis.
A fé nos ensina que é possível atravessar mares quando tudo parece fechado.
A inovação nos dá as ferramentas para construir as pontes que não existiam.
A fé nos move a sonhar com mundos melhores.
A inovação nos move a criá-los.
Em Israel, a tecnologia que salva vidas nasce lado a lado com a oração que pede proteção. O algoritmo que conecta startups é desenvolvido na mesma terra onde, há milênios, profetas falavam de justiça e esperança.
Essa é a força que mantém Israel único: um país onde o impossível não é motivo de desistência — é motivo de trabalho redobrado.
Conclusão: O chamado de Israel para todos nós
Para nós, judeus da Diáspora, Israel não é apenas um lugar para visitar. É um espelho. Um lembrete vivo do que significa ser parte de um povo que nunca aceitou a escravidão como destino final, que nunca deixou a esperança morrer.
Israel nos chama a lembrar que fé sem ação é estéril — e que ação sem propósito é vazia.
Se Israel nos ensina algo, é que a verdadeira inovação começa na alma:
A coragem de sonhar, a coragem de agir, a coragem de atravessar — mesmo quando o mar ainda não se abriu.
Que possamos, onde estivermos, carregar essa mesma chama.
E que nunca esqueçamos: Israel não é apenas o berço do nosso passado.
É também a plataforma do nosso futuro.
Am Israel Chai.
Autor: Ric Scheinkman – Presidente CNBI https://www.cnbi.com.br/
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Fonte: Diário Do Brasil