No Reino Unido, o Ministério da Defesa (MoD) testou, com sucesso, uma nova arma militar com laser de alta potência, capaz de derrubar drones semiautomáticos em pleno voo no céu. O aparelho que deve impedir episódios de terrorismo e ataques inesperados foi apelidado de DragonFire — em português, fogo de dragão.
- Drone poderia matar próprio operador para cumprir missão por ordem de IA
- Como são os drones kamikazes que a Rússia mandou para a Ucrânia
Os primeiros testes com o laser militar defensivo ocorreram na costa da Escócia, na última sexta-feira (19). Após ser demonstrada a capacidade da DragonFire em atingir alvos visíveis, a Marinha e o Exército planejam incorporar o invento nacional ao arsenal de defesa dos britânicos.
Para desenvolver o canhão laser capaz de disparar feixes de energia direcionada a laser de 50 kW, o governo britânico investiu cerca de £ 100 milhões (aproximadamente 537 milhões de reais). Apesar do custo elevado, o MoD afirma que ele vai gerar economia de gastos em defesa a longo prazo.
Abatendo drones de forma barata
Com os dispositivos atuais, abater um drone em voo só pode ser feito através de mísseis bastante sofisticados. O custo dessas operações é estimado em algo próximo a um milhão de euros.
É definitivamente caro causar a explosão de drone, a partir de mísseis. O ponto é que ninguém precisa explodir a aeronave não tripulada para contê-la. Interferir nos seus sistemas de controle e de navegação pode ser mais que o suficiente para desativar drones, sem o risco de acidentes — se o laser não alcançar o seu alvo, ele apenas continuará a se propagar para cima e, em algum momento, desaparece, mas nenhum prédio corre risco de ser derrubado.
Além disso, a nova arma militar britânica pode desativar e derrubar drones por um custo inferior a £ 10 por disparo, ou seja, menos de 55 reais. Isso deve representar uma grande economia, como aposta o MoD.
“Este tipo de armamento de ponta tem o potencial de revolucionar o espaço de batalha, reduzindo a dependência de munições caras, ao mesmo tempo que diminui o risco de danos colaterais”, afirma o secretário de Defesa, Grant Shapp, em comunicado.
Laser militar em ação
Para o professor da Universidade da Rainha em Belfast e especialistas em sistema de laser de alta intensidade, Gianluca Sarri, a demonstração de uso da nova arma militar britânica impressiona.
“Uma única explosão de luz atingindo, precisamente, um minúsculo drone voando a uma velocidade vertiginosa para longe. Instantes depois, o drone desativado cai no mar. Nenhum som foi emitido, nenhuma vítima humana, nenhuma explosão confusa. Um drone letal e multimilionário eliminado de forma limpa por um tiro que custou menos do que uma boa garrafa de vinho”, descreve Sarri, em artigo para a plataforma The Conversation.
Entretanto, a tecnologia ainda deve levar alguns anos para chegar definitivamente ao campo de batalha, algo entre cinco a 10 anos, conforme comenta o especialista. Nesse intervalo, mais testes e demonstrações devem ser realizados.
Por exemplo, ainda é preciso entender como a arma laser funciona em plataformas em movimento, como um barco em águas agitadas, e compreender de que forma as condições climáticas, incluindo o vento e a chuva, afetam a sua pontaria.
Fonte: The Conversation e Ministério da Defesa do Reino Unido