
O físico Albert Einstein era conhecido por algumas excentricidades, além de seu brilhantismo — a principal delas talvez a sua rotina de sono, já que o homem por trás da Teoria da Relatividade dormia quase metade do dia.
Como era a noite do gênio?
Einstein jurava que precisava dormir pelo menos 10 horas por dia, segundo o jornal The New York Times. Em comparação, os brasileiros dormem em média 6,4 horas por dia, na avaliação da Associação Brasileira do Sono. Mais de 72% dos brasileiros sofrem com alterações dos padrões de sono, apontou a Fiocruz, em 2023.
O cientista diz que teve a sacada da Teoria da Relatividade Restrita (ou Especial) enquanto dormia. Einstein teria sonhado com vacas que eram eletrocutadas, segundo a BBC.
Além de ser fã de noites longas, o físico era adepto de sonecas durante o dia. O hábito ficou eternizado na imagem que abre esta matéria, em que o cientista aparece tirando um cochilo na grama de seu jardim em 1933. Estes momentos de descanso eram considerados essenciais por ele.
Ele ainda usava um “truque” com uma colher… Para garantir que não exageraria na soneca, Einstein costumava reclinar sua poltrona com uma colher na mão e um prato de metal diretamente abaixo dela. Se ele caísse no sono pesado, a colher escapava de sua mão, batia no metal e fazia o maior barulho, despertando o físico.
Einstein também gostava de caminhar assim que levantasse. O pesquisador percorria a pé os 2,4 km até o campus da Universidade de Princeton, nos EUA, onde dava aula no fim de sua vida. Para voltar para casa, ele repetia o percurso.
Tanto sono era o segredo da genialidade?
É impossível dizer com certeza se este era o segredo do sucesso acadêmico de um dos maiores físicos do século 20. Outros reconhecidos gênios eram adeptos de um sono polifásico ou segmentado. Leonardo da Vinci, por exemplo, teria ido além e sobrevivido com apenas duas horas de sono, segundo o jornal britânico The Guardian.
Para testar a importância do sono na nossa capacidade de entender e executar tarefas, cientistas da Universidade de Lubeck, na Alemanha, desenvolveram um experimento.Os conterrâneos de Einstein treinaram um grupo de voluntários em 2004 para conseguir participar de um jogo com números, e a melhor maneira de executá-lo era descobrir uma regra oculta.
Participantes foram testados novamente, oito horas depois do primeiro treino. Aqueles que haviam dormido estiveram pelo menos duas vezes mais propensos a descobrir as regras do que os que ficaram acordados o tempo todo.
Sono funciona em ciclos. A cada 90 a 120 minutos, o cérebro flutua entre o sono leve, o profundo e uma fase associada com os sonhos, o sono REM, quando os olhos realizam movimentos rápidos. De acordo com artigos da Universidade Harvard e do Instituto Nacional de Saúde dos EUA, esta fase serve tanto para a consolidação da memória, e, portanto, para novos aprendizados, quanto para o descarte de informações inúteis.
Passamos cerca de 60% da noite no sono não REM. Mas o comportamento do cérebro durante este período é pouco compreendida até hoje, com suas pequenas “explosões” de atividade muito rápida, que duram não mais do que alguns segundos, e são visíveis em um eletroencefalograma.
Estas pequenas “explosões”, spindles ou fusos, estão relacionadas a maior “inteligência fluida”. Quem tem mais destes eventos no cérebro durante a noite teria maior capacidade de resolver novos problemas, usar lógica em novas situações e identificar padrões, apontou o neurocientista Stuart Fogel, da Universidade de Ottawa, à BBC.
[Os fusos] não parecem estar relacionados a outros tipos de inteligência, como a habilidade de memorizar fatos e imagens, então é muito específica para estas capacidades de raciocínio.
Stuart Fogel à BBC.
Quanto mais você dorme, mais episódios de fuso terá, mas não existe uma prova definitiva de que dormir mais o torne mais inteligente. Os cientistas ainda não conseguiram determinar se algumas pessoas passam por mais fusos porque são mais inteligentes ou se são mais inteligentes porque têm mais fusos.
É possível que essa relação esteja ligada as áreas em que os fusos acontecem. Eles são gerados no tálamo e no córtex, ambas essenciais para habilidades de solucionar problemas e aplicar lógica a novas situações.
Fonte: UOL
Fonte Diário do Brasil