Mais de 80% dos pacientes com dor crônica no mundo enfrentam um tratamento inadequado para sua enfermidade. [i] Na América Latina, onde entre 27 e 42% da população padecem desse problema, segundo as estimativas da Federação Latino-Americana de Associações para Estudos de Dor (FEDELAT) [ii], há uma realidade similar devido às carências dos sistemas de saúde e a falta de conhecimento para a abordagem adequada.“A dor crônica merece uma atenção maior em nossos países pelo impacto que gera na qualidade de vida em nível físico, psicológico e também social; no entanto, poucos sistemas de saúde da região contam com unidades especializadas para atender a demanda da população afetada por essa enfermidade”, afirma o médico Marco Narváez, presidente da FEDELAT. [iii]
Além disso, também não há médicos suficientemente capacitados para integrar essas unidades especializadas. [ii] De acordo com a FEDELAT, somente México, Brasil, Costa Rica e Colômbia contam com mais de 100 especialistas em dor e cuidados paliativos, enquanto no restante dos países latino-americanos, a média é menor que 20.
Diante dessa situação, o especialista comenta que esforços como os que se realizam a partir da FEDELAT, focados em formar, capacitar e conscientizar tanto as autoridades como os profissionais de saúde, são necessários para melhorar o atendimento na região. “O maior percentual de pacientes busca por atenção primária, medicina interna ou reabilitação para atender seus problemas de dor, para os quais é essencial que os profissionais dessas áreas contem com a formação adequada para diagnosticar, fazer o acompanhamento efetivo e o tratamento propício para dor”, acrescenta.

XIV Congresso Latino-americano de Dor 2022
Para contribuir com o intercâmbio de conhecimentos sobre a dor crônica, do dia 22 ao dia 24 de agosto, em Lima, no Peru, acontecerá o XIV Congresso Latino-americano de Dor, organizado pela FEDELAT, Associação Peruana para o Estudo da Dor (ASPED), Sociedade Espanhola de Dor (SED) e Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED) e com a participação da Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP).
Durante o encontro, também acontecerá o Congresso Peruano de Dor, o II Congresso Internacional de Médicos Intervencionistas de Dor e a XIX Reunião Iberoamericana de Dor e terá a participação de mais de 40 preleções de toda a América Latina e Europa em diferentes simpósios e oficinas organizadas para esses três dias.
O Dr. Enrique Orrillo, presidente da ASPED, aponta que, “com estes encontros, se busca visibilizar a situação da enfermidade na América Latina e os esforços que fazemos para melhorar sua atenção; contribuir com o intercâmbio de conhecimentos e experiências sobre os tipos de dor crônica e enfermidades relacionadas, bem como analisar os desafios e as oportunidades para a criação de unidades especializadas e inovações para o tratamento; também buscamos incentivar que as universidades sigam melhorando a formação médica, conclui.
[i] Problems and Barriers in Ensuring Effective Acute and Post-Operative Pain Management- an International Perspective (2015). Disponivel em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5632690/
[ii] Estimación realizada por la Federación Latinoamericana de Asociaciones de Estudios para el Dolor (FEDELAT) con base en la incidencia global reflejada en: Pain as a Global Public Health Priority (2011). Disponível em: https://bmcpublichealth.biomedcentral.com/articles/10.1186/1471-2458-11-770

[iii] Información compartida por la Federación Latinoamericana de Asociaciones de Estudios para el Dolor (FEDELAT) durante el XXXIX Congreso Internacional de Dolor y Cuidados Paliativos (2019) y reflejada en: Guía del dolor crónico para periodistas (2020, p.18). Disponível em: https://redmpc.files.wordpress.com/2020/10/guiia-de-dolor-croinico-para-periodistas.pdf

Material destinado ao jornalistas e imprensa em geral – M-N/A-BR-08-22-0003 – Ago/2022

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