Os profissionais que trabalham em atividades essenciais à população, como saúde, segurança, transporte e serviços de água, esgoto, lixo, energia elétrica, vivem um desafio duplo durante a pandemia. Além do risco de exposição ao novo coronavírus há complicações para exercer a profissão.

A exposição ao vírus se dá por meio do contato com casos confirmados, suspeitos ou assintomáticos e com a impossibilidade do isolamento. Muitos adoecem nessa batalha. Também há dificuldades para exercer a própria profissão. Das 5.384 denúncias relacionadas à covid-19 recebidas pelo Ministério Público do Trabalho de São Paulo (MPT-SP), 836 (15% do total) estão relacionadas aos profissionais essenciais. O restante das denúncias se divide em quase 300 diferentes atividades.

Presente na classificação da Occupational Safety and Health (OSHA) com o maior risco de exposição ao vírus, o setor de Saúde tem sido bastante afetado pela pandemia. Conforme dados de setembro da Secretaria Municipal da Saúde, 15,9 mil profissionais foram afastados num universo de 92,2 mil trabalhadores. Hoje, 1,2 mil estão com covid-19. No período, foram registradas 49 mortes. Na esfera estadual, dados até 31 de agosto apontam que cerca de 30,2 mil chegaram a ser afastados temporariamente por suspeita ou confirmação de covid-19. Desses, 26,3 mil já tiveram alta e 3.9 permanecem afastados. Ao todo, 68 profissionais morreram. No Brasil, 226 profissionais de saúde morreram e outros 257 mil foram infectados, diz o Ministério da Saúde.

Os serviços essenciais vão além da saúde. A Medida Provisória 926/20, de março, definiu a obrigatoriedade do trabalho em 33 serviços considerados imprescindíveis. A lista inclui assistência à saúde, assistência social, segurança, transporte, telecomunicações, internet, serviços de água, esgoto, lixo, energia elétrica e gás, entre outros. Em vários deles, os índices de contaminação foram baixos.

As entidades de classe da iniciativa privada têm dificuldades para dimensionar o impacto da covid entre os profissionais. A Associação Paulista de Supermercados (Apas) não tem estatísticas precisas. “Tivemos um número considerável de afastamentos, mas não podemos precisar quantas pessoas”, afirma Ronaldo dos Santos, presidente da entidade.

No setor de transporte, o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo (Sindmotoristas) registra 302 casos confirmados, 819 suspeitos e 74 mortes na pandemia.

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Medo do vírus é rotina nos serviços essenciais em SP