Meta está sendo processada pelo estado de Massachusetts por prejudicar crianças e adolescentes que usam Instagram e Facebook

Comunicações internas de um processo em andamento da Meta mostraram que seu CEO, Mark Zuckerberg, vetou pessoalmente projetos e iniciativas destinadas a melhorar o bem-estar de adolescentes no Instagram e Facebook. Além disso, os documentos mostram discordâncias internas entre Zuckerberg e outros executivos, como o chefe do Instagram, Adam Mosseri.

Zuckerberg vetou melhorias

  • De acordo com informações da CNN, o CEO pessoalmente impediu que algumas iniciativas saíssem do papel.
  • O processo, que deu início às comunicações, foi movido pelo estado de Massachusetts no mês passado, mostrando como Mark Zuckerberg e outros executivos não fizeram o suficiente para proteger mais de 33 milhões de adolescentes que usam o Instagram nos Estados Unidos.
  • As alegações contra a Meta incluem a promoção de expectativas irrealistas de imagem corporal, o que prejudica a saúde mental dos adolescentes.
  • Uma das iniciativas que poderia corrigir isso era a desativação do “filtro de beleza” do Instagram, uma tecnologia que altera digitalmente a aparência do usuário na tela. A proposta é de 2019, mas foi vetada por Zuckerberg em 2020.
  • Ao recusar o projeto, o executivo teria afirmado que havia demanda pelos filtros e não havia comprovação de que eles eram prejudiciais.
Martelo de tribunal colocado em laptop com o logotipo da Meta na tela.
Imagem: mundissima/Shutterstock

Influência do CEO na Meta e embates internos

As comunicações, que se tornaram públicas devido ao processo contra Massachusetts, mostraram a influência de Mark Zuckerberg na tomada de decisões da Meta, que nem sempre é unanimidade entre executivos. À época, Mosseri, chefe do Instagram, e Fidji Simo, a chefe do Facebook, não apoiaram a decisão do CEO e demonstraram insatisfação com a falta de investimento em iniciativas em prol do bem-estar dos usuários.

O porta-voz da Meta, Andy Stone, ainda defendeu que os filtros são comumente usados na indústria, mas que a big tech proíbe alterações extremas, como mudanças na cor de pele, perda extrema de peso e cirurgias estéticas.

Stone acrescentou que a Meta oferece 30 ferramentas para apoiar o bem-estar de adolescentes e famílias, como a limitação de tempo de uso e a possibilidade de remover contagem de curtidas. No entanto, o processo mostra que essa remoção era para ser um recurso padrão no app, mas foi rebaixado para algo opcional, que raramente é usado.

Com o controle referente a troca de dados o usuário consegue reduzir até mesmo o número de anúncios invasivos. (Imagem: Pexels)

Mais processos da Meta

Para piorar a situação, pouco mais de um ano depois, em 2021, o escândalo denunciado por Frances Heugen veio à tona: a ex-funcionária revelou como a empresa sabia que o Facebook e Instagram faziam mal para os usuários e não estava tomando iniciativas para mudar

O caso deu início a um turbilhão na Meta que dividiu ainda mais a equipe. Apesar de alguns executivos, como David Ginsberg, vice-presidente de Comunicações da empresa, defenderem melhorias nas redes sociais, Susan Li, diretora financeira, respondeu que a liderança da big tech se recusou a financiar essas iniciativas.

Outros denunciantes do caso de 2021 e executivos mencionados nas comunicações internas da empresa mostram como Mark Zuckerberg ignorou repetidamente avisos sobre os possíveis danos das plataformas aos usuários.


Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Ana Luiza Figueiredo | Olhar Digital

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Meta: Mark Zuckerberg vetou projetos para melhorar bem-estar de jovens no Instagram
Foto: Anthony Quintano/Wikimedia Commons