Uma análise em uma microamostra do quadro revelou a presença de plumbonacrite, produto da reação entre óleo e óxido de chumbo (II)

Mona Lisa do italiano Leonardo Da Vincié o quadro mais famoso e emblemático do mundo e agora um novo estudo descobriu que a misteriosa mulher pintada há mais de 500 anos também é tóxica.

Da Vinci é conhecido por usar técnicas e materiais de pintura diferentes e não convencionais em seus trabalhos, além disso, o italiano também era um inventor e se interessava pelos campos da matemática, química e engenharia. Alguns dos conhecimentos dessas outras áreas acabaram sendo aplicados em suas obras, fazendo com elas fossem únicas.

Ele era alguém que adorava experimentar, e cada uma de suas pinturas é completamente diferente tecnicamente.Victor Gonzalez, químico do Institut de Recherche de Chimie Paris, em resposta à Associated Press

Composto tóxico

No estudo, publicado recentemente no Journal of the American Chemical Society,pesquisadores da França e do Reino Unido, ao analisar uma microamostra do quadro mais famoso do artista, detectaram a presença de óleo e chumbo branco, como  esperado. A amostra foi retirada de um canto escondido da Mona Lisa e passou por diversas análises para identificar compostos utilizados na pintura, como técnicas de difração de raios X e espectroscopia infravermelha.

Microamostra utilizada no estudo (Crédito: Gonzalez et al., Jornal da Sociedade Química Americana , 2023)

Mas, além disso, também foi descoberto um composto raro conhecido como plumbonacrite (Pb 5 (CO 3 ) 3 O(OH) 2 ), que se forma a partir da reação do óleo e do óxido de chumbo (II) (PbO), indicando que esse último foi usado na obra. Da Vinci provavelmente utilizou a substância para conseguir uma tinta espessa ideal para cobertura e preparo do quadro de madeira que iria receber a pintura.

O óxido de chumbo (II) também foi utilizado em outra famosa obra de Leonardo Da Vinci, A Última Ceia, e confirma as teorias anteriores da utilização do composto como camada de base pelo gênio. Apesar disso, nos escritos do italiano, o PbO é relacionado a remédios para pele e cabelo.

Acredita-se que a substância tenha sido aquecida e dissolvida em óleo de linhaça ou nozes, que além de produzir uma mistura mais espessa, também fazia com que ela secasse mais rápido que outras tintas a óleo. Essa descoberta na Mona Lisa é uma demonstração de como novas tecnologias podem possibilitar novas descobertas impressionantes sobre artefatos e obras de arte históricas

Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares

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Mona Lisa esconde segredo tóxico em sua pintura
Foto: Shutterstock/ Resul Muslu