O Departamento de Proteção da Vida Selvagem da Região de Amur, na Sibéria, emitiu um alerta afirmando que os ursos ainda não estão hibernando
Mais um efeito direto do aquecimento global na vida dos animais está sendo verificado na Sibéria. O Departamento de Proteção da Vida Selvagem da Região de Amur emitiu um alerta afirmando que os ursos estão vagando “sonâmbulos” pela região porque as temperaturas estão muito altas para hibernar.
Hibernação prejudicada
- Nesta época do ano, os ursos estão prontos para hibernar, tendo acumulado as reservas de gordura necessárias para dormir durante todo o inverno.
- Em condições normais, eles só acordariam na primavera, quando a comida se torna disponível novamente.
- No entanto, as temperaturas estão mais quentes neste final de ano e os animais, especialmente os machos, continuam acordados.
- Segundo o Departamento de Proteção da Vida Selvagem da Região de Amur, “em algumas áreas, ursos meio adormecidos ainda andam pelas tocas”.
- As informações são da Live Science.
Temperaturas mais altas afetam diretamente os ursos
Ao contrário de outros animais hibernantes, os ursos decidem por si mesmos quando começar seu longo período de sono com base em uma série de pistas, incluindo suprimento de comida e temperatura.
Várias pesquisas já associaram o clima mais quente e invernos mais curtos a uma redução no tempo que os animais passam hibernando, com os ursos deixando suas tocas 3,5 dias antes a cada aumento de temperatura de 1ºC. E é exatamente o que está acontecendo em Amur, região da Sibéria que faz fronteira com a China, onde as temperaturas foram recordes neste ano.
Temperaturas acima de zero em condições de neve úmida podem fazer com que a água derretida entre nas tocas e isso pode tornar desconfortável para os ursos permanecerem.
Oivind Toien, zoofisiologista e professor do Instituto de Biologia do Ártico da Universidade do Alasca Fairbanks
A dificuldade de hibernação pode representar um sério problema para os ursos. Isso porque esse é um mecanismo que serve para proteger os filhotes, mais suscetíveis a temperaturas extremas do que os adultos devido ao seu tamanho menor e menos capacidade de armazenamento de energia.
Os filhotes também têm um metabolismo de base mais alto por unidade de massa corporal do que os adultos durante os meses de verão e hibernação. Isso significa que pode haver uma desregulação e os animais acabarem gastando mais energia do que o necessário.
Os ursos adultos, por outro lado, podem manter a atividade diurna durante os primeiros meses de inverno, elevando o metabolismo quando estão em movimento e, em seguida, desacelerando-o novamente para hibernar. O problema, segundo especialistas, é que os animais podem já ter iniciado essa transição fisiológica para um estado de hibernação, o que explicaria eles estarem vagando como “sonâmbulos”.
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi/Olhar Digital