Se as emissões de CO2 continuarem a aumentar, atingiremos o mesmo nível registrado entre 30 e 40 milhões de anos atrás
Um novo estudo divulgado na revista Science analisou as assinaturas biológicas e geoquímicas para reconstruir o registro histórico de dióxido de carbono na atmosfera da Terra. O trabalho cobriu um período de 66 milhões de anos e é considerado o mais preciso até agora em relação ao tema. A conclusão foi que a última vez que os níveis de CO2 se aproximaram dos atuais foi há cerca de 14 milhões de anos.
Efeitos da ação humana
- Segundo os pesquisadores, a última vez que a atmosfera da Terra registrou 420 partes por milhão (ppm) de dióxido de carbono foi entre 14 e 16 milhões de anos atrás.
- No período, não havia gelo na Groenlândia e os ancestrais dos humanos estavam fazendo a transição de florestas para pastagens.
- A conclusão apresentada é muito diferente de análises anteriores, que indicavam registros similares de CO2 entre 3 e 5 milhões de anos atrás.
- As informações são da ScienceAlert.
Pesquisadores mapearam os registros de CO2 na atmosfera ao longo da história da Terra
Até o final dos anos 1700, o dióxido de carbono na atmosfera era de cerca de 280 ppm, o que significa que os humanos já causaram um aumento de cerca de 50% do gás de efeito estufa.
Além disso, os pesquisadores alertam que se as emissões globais continuarem a aumentar, podemos atingir o patamar entre 600 e 800 ppm até ao ano 2100. Níveis registrados pela última vez durante o Eoceno, entre 30 e 40 milhões de anos atrás, antes que a Antártica estivesse coberta de gelo e quando a flora e a fauna do mundo eram muito diferentes e insetos enormes ainda vagavam pela Terra.
O novo estudo é resultado de sete anos de trabalho de um consórcio de 80 pesquisadores em 16 países e é altamente reconhecido dentro da comunidade científica. A equipe não coletou novos dados. Em vez disso, sintetizou, reavaliou e validou trabalhos publicados com base em ciência atualizada e os categorizou de acordo com o nível de confiança. Em seguida, combinou os mais bem avaliados em uma nova linha do tempo.
Para olhar mais para o passado, os cientistas estudaram a composição química de folhas antigas, minerais e plâncton, que podem indiretamente derivar carbono atmosférico em um determinado ponto no tempo.
Os pesquisadores confirmaram que o período mais quente da Terra nos últimos 66 milhões de anos aconteceu há 50 milhões de anos, quando o CO2 atingiu a marca de 1.600 ppm. Na oportunidade, as temperaturas ficaram 12ºC mais quentes e precederam um longo declínio dos termômetros.
Já há 2,5 milhões de anos, o dióxido de carbono era de 270 a 280 ppm, inaugurando uma série de eras glaciais. Esse nível permaneceu até a chegada dos humanos modernos há 400 mil anos. Um aumento expressivo só aconteceu quando a nossa espécie começou a queimar combustíveis fósseis em grande escala.
O registro de carbono ainda revela que há 56 milhões de anos houve uma grande e rápida liberação de dióxido de carbono, que causou mudanças massivas nos ecossistemas e levou cerca de 150 mil anos para se dissipar. Não se sabe, no entanto, o que aconteceu exatamente naquele período.
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi