Ideia seria estimular a produção de novos neurônios, mesmo em cérebros envelhecidos; artigo foi publicado na revista científica Nature.

Imagem: Shutterstock

As doenças neurodegenerativas, como diz o próprio nome, são causadas pela degeneração do nosso sistema nervoso. A perda de neurônios é um processo comum para todos nós – e se acentua na velhice. A maioria, deles, porém, costuma durar a vida toda – quando não duram, acabam causando enfermidades como o Alzheimer e o Parkinson.

Atualmente, existem tratamentos para essas duas doenças, mas nenhuma das terapias consegue reverter 100% do quadro. Uma nova alternativa, porém, parece ser extremamente promissora.

Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, pode revolucionar a abordagem a esse tipo de doença. A ideia é usar manipulação genética para reativar a produção de novos neurônios em cérebros envelhecidos.

Nós produzimos neurônios ao longo de toda a vida, mas esse processo vai ficando mais fraco com o avançar da idade. A pesquisa, conduzida pela professora de Genética Anne Brunet, sugere retomar essa produção.

Uma alternativa promissora

  • Os estudos iniciais (e bem-sucedidos) foram realizados em ratos.
  • A proposta visa manipular genes específicos com uma tecnologia chamada CRISPR.
  • Trata-se de uma ferramenta moderna de biologia molecular que permite editar o DNA de seres vivos, removendo, adicionando ou trocando sequências do código.
  • Os pesquisadores procuraram por genes que, quando eliminados, aumentaram a ativação de células-tronco neurais.
  • Essas células são responsáveis pela produção de novos neurônios.
Artigo científico sugere alternativa promissora para tratamento de Alzheimer, mas ainda são necessários mais estudos – Imagem: Shutterstock
  • A descoberta mais importante envolve o gene GLUT4, responsável pelo transporte de glicose.
  • A equipe detectou que a remoção desse gene permite que as células estaminais cerebrais em ratos idosos voltem a produzir neurônios de maneira significativa.
  • O artigo foi publicado no início do mês na conceituada revista científica Nature.

O futuro e tratamentos alternativos

É importante destacar que os cientistas não falam em resolver o problema de forma instantânea. O estudo aponta para um caminho de esperança, não uma solução imediata.

Após conseguir obter esse resultado em camundongos, a equipe quer se aprofundar mais no assunto e descobrir como manipular esses genes de forma segura e eficaz em seres humanos.

O próximo passo, depois disso, seria a criação de terapias que possam ser aplicadas não apenas para conter o avanço dessas doenças degenerativas, mas até revertê-las.

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A doença de Alzheimer é uma das formas mais comuns de demência em idosos no Brasil, afetando cerca de 1,2 milhão de pessoas, segundo dados do Ministério da Saúde – Imagem: Roman Shuttersotck

Os cientistas também afirmam que a pesquisa pode dar origem a algumas abordagens alternativas. Se pensarmos que a ausência do gene GLUT4 tem impacto na produção de neurônios, talvez uma dieta com baixo teor de carboidratos possa ajudar no tratamento.

Essa é outra possibilidade – não confirmada ainda. Serão necessários novos estudos. A perspectiva, porém, é promissora. Um sinal de esperança para pacientes e seus familiares.

As informações são da Stanford Medicine.

Bob Furuya / Olhar Digital

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Nova forma de tratamento para Alzheimer e Parkinson segundo a Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford