As oscilações do núcleo interno da Terra podem ser observadas tanto no movimento polar quanto na duração dos dias
Representação da oscilação no núcleo interno da Terra (Crédito: Dr. Ding/Nature Communications. 10.1038/s41467-023-43894-9.)
Um grupo de pesquisadores chineses confirmaram a presença de uma oscilação do núcleo interno da Terra (ICW) que possui um ciclo de 8,5 anos e pode ser observada tanto no movimento polar quanto na duração dos dias. Essa descoberta indica que entre o núcleo interno e o manto da Terra existe uma inclinação estática de 0,17 graus que desafia o que pensávamos saber sobre a dinâmica interna e a distribuição de densidade da Terra.
A pesquisa recentemente publicada na revista Nature Communications fornece novas informações sobre as propriedades e o comportamento do núcleo interno da Terra, permitindo que os pesquisadores entendam melhor a atividade sísmica, a estrutura e o campo magnético da Terra.
- O núcleo interno da Terra é uma esfera sólida composta principalmente de ferro e níquel;
- Ele está localizado abaixo do núcleo externo, que é líquido, e possui cerca de 2400 quilômetros de diâmetros;
- Essa região desempenha um papel importante nos processos geofísicos da Terra, influenciando o campo magnético e a dinâmica geral do interior do planeta.
Oscilação e rotação da Terra
Até então, o entendimento da rotação da Terra era baseado na distribuição uniforme de densidade entre o manto e o núcleo da Terra, o que nos levava a crer que os eixos de rotação dessas duas camadas eram coincidentes.
No entanto, a oscilação livre da Terra indicava que as estruturas de densidade do interior da Terra são altamente heterogêneas e agora a nova pesquisa, corrobora com essa ideia. Com base nessas descobertas, o movimento periódico e o movimento periódico do eixo de rotação da Terra foram analisados meticulosamente, percebendo que a oscilação do núcleo interno e as dinâmicas rotacionais estão interligadas.
A partir disso, sugeriu-se que existe um ângulo de inclinação estático de 0,17 graus entre o eixo de rotação do núcleo interno e o manto. Em resposta a Phys, Hao Ding, geofísico e coautor da pesquisa, aponta que a descoberta vai na contramão do que acreditávamos.
Esses desvios oferecem restrições valiosas para o modelo de densidade 3D do manto e questionam as suposições no núcleo de liquidez, destacando desvios potenciais de uma forma perfeitamente esférica calculada usando teorias tradicionais.
Hao Ding
Além da inclinação no eixo de rotação, a pesquisa também sugere que existe uma mudança de densidade de 0,52 g/cm3 no limite do núcleo interno, ou seja na fronteira entre ele e as outras camadas. Essas descobertas revelam a complexidade dinâmica do interior do nosso planeta e em futuros estudos, os pesquisadores esperam a estrutura estratificada e a densidade do núcleo da Terra, explorando os padrões e períodos dos movimentos dessa camada.
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares/Olhar Digital