Os óculos inteligentes transformam informações visuais em representações sonoras, permitindo que os usuários “enxerguem” através dos sons
A natureza pode servir de base para diversos avanços científicos. O mais recente caso disso foi o desenvolvimento de óculos inteligentes que transformam informações visuais em representações sonoras, permitindo que os usuários “enxerguem”. Inspirada pelo uso da ecolocalização pelos morcegos, a tecnologia foi apresentada em um estudo foi publicado na revista PLOS One.
Como os morcegos “enxergam”
- A ecolocalização é um processo usado pelos morcegos que consiste na emissão de ondas ultrassônicas e a posterior análise do eco que retorna para os animais.
- Em outras palavras, eles emitem uma onda sonora que salta de um objeto, retornando um eco que fornece informações sobre o tamanho e a distância, permitindo que os animais “vejam” e superem este obstáculo.
- A partir do estudo desse mecanismo, pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Sydney (UTS) começaram a desenvolver os óculos inteligentes, chamados de Foveated Audio Device (FAD).
- As informações são da New Atlas.
Óculos inteligentes
O Foveated Audio Device conta com um conjunto de óculos de realidade aumentada e um telefone Android OPPO Find X3 Pro. O Unity Game Engine 2022 gerenciou a entrada de áudio e a saída de rastreamento de câmera/cabeça dos óculos. Em combinação, isso permitiu que o FAD transformasse objetos em ícones de som distintos quando eles entrassem no campo de visão do dispositivo.
Os óculos inteligentes normalmente usam visão computacional e outras informações sensoriais para traduzir o ambiente do usuário em fala sintetizada por computador. A tecnologia de toque acústico sonifica os objetos, criando representações sonoras únicas à medida que entram no campo de visão do dispositivo. Por exemplo, o som do farfalhar das folhas pode significar uma planta, ou um zumbido pode representar um telefone celular.
Chin-Teng Lin, um dos coautores do estudo
Os pesquisadores testaram os óculos em 14 participantes adultos cegos ou deficientes visuais. O estudo consistiu em uma etapa de treinamento, uma tarefa sentada onde o FAD foi usado para digitalizar e sonficar itens em uma mesa, e uma em pé que explorou o desempenho da tecnologia quando os participantes estavam caminhando e procurando um item em um ambiente desordenado. Foram utilizados: tigela, livro, copo e garrafa.
O resultado foi que o dispositivo aumentou significativamente a capacidade dos participantes de reconhecer e alcançar objetos sem muito esforço mental. Agora, os pesquisadores querem realizar alguns ajustes para que os óculos inteligentes possam ser, de fato, utilizados para melhorar a vida de quem apresenta problemas relacionados à visão.
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi | Olhar Digital