Com uma pequena impressora 3D, médicos conseguiram imprimir pele artificial diretamente nas lesões de ratos
Parece coisa de ficção científica, mas é real. Nova tecnologia de impressão 3D pode reconstruir tecidos danificados ao imprimir pele diretamente no local da lesão. Cientistas testaram o equipamento, que foi projetado para realizar cirurgias de reconstituição do rosto ou cabeça de maneira natural, em ratos de laboratório.
O estudo da Universidade Estadual da Pensilvânia (Penn State) foi publicado na revista Materiais Bioativos.
Como a pele é impressa em 3D?
- Para imprimir a pele em 3D, os cientistas usam uma técnica chamada bioimpressão. Primeiro, eles extraem tecido adiposo de pacientes que passaram por cirurgias.
- Em seguida, removem uma rede de moléculas e proteínas do tecido, chamada matriz extracelular, que dá estrutura e estabilidade ao tecido.
- Essa matriz é um dos componentes de uma “biotinta” usada na impressão da pele, que também contém células-tronco e uma solução de coagulação.
- Cada componente fica em compartimentos separados de uma bioimpressora, o que permite que imprimam a pele diretamente no local da lesão.
Confira a impressão da pele artificial em ratos. Aviso! O vídeo contém cenas de feridas abertas.
A mistura perfeita
Os cientistas realizaram diferentes experimentos para encontrar a combinação perfeita de componentes da biotinta usada para imprimir a pele artificial. Eles descobriram, após realizar os testes em ratos, que imprimir a matriz junto com as células-tronco era crucial para formar a hipoderme – camada mais profunda da pele – de maneira eficaz.
O resultado foi que depois da bioimpressão das camadas da hipoderme e da derme (outra camada da pele), a epiderme se formou naturalmente para completar a cicatrização da ferida. Eles também observaram o início do desenvolvimento do folículo capilar na hipoderme, o que sugere que as células-tronco podem impulsionar o crescimento do cabelo.
Inovação que traz bem-estar
A expectativa dos cientistas é que a tecnologia ajude a reconstruir tecidos de forma mais natural e proporcione maior bem-estar aos pacientes que sofreram alguma lesão que gerou deformidades. O objetivo agora é combinar a criação com a impressão 3D de ossos, também desenvolvida pela equipe, além de aprimorar os tons de peles impressas.
Acreditamos que esta [tecnologia] poderia ser aplicada em dermatologia, transplantes capilares e cirurgias plásticas e reconstrutivas – poderia resultar em um resultado muito mais estético. Com a capacidade de bioimpressão totalmente automatizada e materiais compatíveis de nível clínico, isso pode ter um impacto significativo.
Ibrahim Ozbolat, autor do estudo, para o New Atlas
Por Nayra Teles, editado por Lucas Soares