Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado um crescimento da inadimplência. Um dos principais impulsionadores desse aumento certamente se deve à instabilidade econômica vivenciada pelo país nos últimos anos.
Períodos de recessão econômica, altas taxas de desemprego e baixo crescimento do PIB afetam diretamente a capacidade das pessoas de honrar suas obrigações financeiras. Com a redução de postos de trabalho e do poder de compra, é comum um aumento da inadimplência e do endividamento, uma vez que os indivíduos tendem a recorrer a empréstimos e a utilização do crédito disponível.
Segundo levantamento realizado pela Paschoalotto, líder nacional em recuperação de crédito, os principais fatores que motivam a inadimplência na pessoa física é o atraso salarial/rendimentos e o endividamento direto com cartão de crédito e bens com garantia. Conforme dados analisados, 24,06% da inadimplência está concentrada em pessoas que tiveram redução salarial e/ou passam por um cenário de desemprego.
“Quando o poder de compra diminui e as oportunidades de trabalho são escassas, muitos indivíduos recorrem a empréstimos ou utilizam o crédito disponível, aumentando seu endividamento e, consequentemente, a inadimplência”, explica Diego Mosquim, Diretor de Planejamentoda Paschoalotto.
Panorama da inadimplência sem garantia
A faixa de atraso sem garantia, ou seja, dívidas como cheque especial, cartão de crédito, empréstimo, entre outros, até 90 dias, de janeiro a junho de 2023, representou 69,98%, enquanto em 2022 esse percentual era 71,68%. Já a faixa de atraso acima de 90 dias foi de 30,02% no mesmo período, contra 28,32% do ano passado.
Quando se trata do tipo de acordo, neste ano 69,36% preferiram quitar suas dívidas à vista contra 30,64% que apostaram no parcelado. Para bens sem garantia, a média do valor pago em 2022 foi de R$ 276,44 contra uma média de R$ 285,36 em 2023.
Em janeiro deste ano, o valor médio da dívida foi de R$ 246,87, passando para R$ 261,18 em fevereiro, R$ 267,36 em março, R$ 286,22 em abril, R$ 293,81 em maio e de R$ 303,23 em junho.
Panorama da inadimplência com garantia
De acordo com o estudo, a faixa de atraso com garantia, de bens que são financiados que podem ser tomados caso não sejam quitados, até 90 dias, foi de 85,55%. E de 14,45% para a faixa de atraso acima de 90 dias.
Na hora de acertar a conta, 31,84% preferiram pagar uma parte, 66,69% apostaram em uma atualização e apenas 1,47% quitaram suas dívidas. Na avaliação realizada pela Paschoalotto sobre o valor médio pago das dívidas, os bens com garantia vêm no crescente com média acima de R$ 1.600 contra R$ 1.466 de 2022.
Neste ano, o valor da dívida média paga foi de R$ 1551,72 em janeiro, R$ 1615,91 em fevereiro, R$ 1646,98 em março, R$ 1598,15 em abril, R$ 1668,97 em maio e de R$ 1616,98 em junho.
Canais de pagamento
A escolha do melhor canal para negociar uma dívida pode depender de vários fatores, como o tipo de dívida, a instituição credora e sua preferência pessoal. Atualmente, as empresas oferecem canais digitais, telefônicos e até mesmo físicos.
Apesar de ainda representar menos de 20%, os canais digitais vêm crescendo sua participação como meio de negociação e pagamento. Muito disso é devido a maior conveniência e flexibilidade desse meio, conforme mostrou o estudo da Paschoalotto.
Entre janeiro e junho de 2023, apenas 16,23% preferiram usar os canais digitais, enquanto 83,7% negociaram as dívidas de maneira convencional. Apesar do número ainda ser pequeno, o digital vem crescendo se comparado com 2022, que foi de 11,3%.
A negociação digital é algo que vem sendo conquistado mês a mês. Em janeiro, por exemplo, 13,4% dos inadimplentes usaram o ambiente online para negociarem suas dívidas. No entanto, em fevereiro esse número é maior, sendo 13,8%, em março já são 16,3%, seguindo abril com 18,2% e maio com 19,9%.
“A inadimplência no Brasil é uma preocupação significativa, já que é um indicador importante sobre como vai a saúde financeira de indivíduos, empresas e do país como um todo. É importante que sejam adotadas medidas para monitorar e combater a inadimplência, como educação financeira, políticas públicas adequadas, medidas de controle de crédito e a oferta de programas de renegociação de dívidas”, finaliza Mosquim, da Paschoalotto.
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