REPRODUÇÃO/ GAZETA DO POVO

Nos últimos anos, um número crescente de empresas brasileiras tem cruzado a fronteira rumo ao Paraguai, atraídas pelo ambiente de negócios favorável e pela carga tributária significativamente mais baixa. O país vizinho adota o modelo tributário conhecido como “10-10-10”, que estabelece uma alíquota fixa de 10% para o Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF), o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRE) e o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), equivalente ao ICMS brasileiro. Em comparação, no Brasil, as empresas enfrentam uma carga tributária que pode chegar a 34% sobre a renda, além de outros impostos como ICMS, IPI, PIS e COFINS, que encarecem a operação. Até 2025, mais de 180 indústrias brasileiras, incluindo gigantes como Guararapes (Riachuelo), Buddemeyer e Lupo, transferiram operações para o Paraguai, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Além do sistema tributário simplificado, o Paraguai oferece outros incentivos que tornam o país um destino atrativo. A Lei de Maquila (Lei 1064/97) isenta empresas estrangeiras de impostos na importação de matérias-primas e maquinários, cobrando apenas 1% sobre o valor agregado dos produtos exportados. O custo da mão de obra é cerca de 40% menor que no Brasil, e a energia elétrica, fornecida por usinas como Itaipu, é uma das mais baratas da América Latina. Esses fatores, aliados à localização estratégica no Mercosul, facilitam a exportação para mercados regionais, com 60% dos produtos das maquiladoras paraguaias sendo vendidos ao Brasil em 2024. Apesar disso, desafios como acesso limitado ao crédito e escassez de mão de obra qualificada ainda persistem, segundo empresários.

A migração de empresas brasileiras para o Paraguai reflete a busca por competitividade em um cenário de alta tributação e burocracia no Brasil. O modelo “10-10-10” e os benefícios da Lei de Maquila criam um ambiente propício para investimentos, gerando empregos e impulsionando a economia paraguaia, que cresce a uma média de 4% ao ano. No entanto, críticos apontam que o sistema tributário paraguaio, embora atrativo, pode ser regressivo, impactando a arrecadação para serviços públicos como saúde e educação. Enquanto o Paraguai se consolida como um polo de investimentos, o Brasil enfrenta o desafio de reformar seu sistema tributário para conter a fuga.

FONTE: GAZETA DO POVO

Fonte: Diário Do Brasil

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Por que empresas brasileiras estão se mudando para o Paraguai?