Apesar das múmias egípcias serem as mais conhecidas, existem diversos tipos de múmias, que passaram por diferentes práticas. Confira.

As múmias, com sua aura de mistério e fascínio, têm intrigado e encantado as mentes humanas por séculos. Desde os antigos egípcios até as descobertas mais recentes, as múmias têm sido uma fonte de fascínio e estudo para arqueólogos, historiadores e entusiastas da ciência. Mas você sabia que existem diferentes tipos de múmias, cada uma com suas próprias técnicas de preservação e histórias únicas?

Múmias Egípcias

Quando pensamos em tipos de múmias, é provável que a primeira imagem que nos vem à mente seja a de um faraó envolto em bandagens, com amuletos e tesouros ao seu redor. As múmias egípcias são, sem dúvida, as mais famosas e estudadas do mundo. A prática da mumificação no Egito Antigo era intrinsecamente ligada às crenças religiosas e à visão de vida após a morte dos antigos egípcios.

A técnica de mumificação egípcia era altamente sofisticada e envolvia vários passos meticulosos. O primeiro passo era a remoção dos órgãos internos, com exceção do coração, considerado o centro da inteligência e das emoções, que era deixado intacto. O corpo era então limpo e desidratado com natrão, um composto mineral que ajudava a preservar os tecidos. Após esse processo, o corpo era envolto em várias camadas de linho e banhado em resinas aromáticas para protegê-lo da decomposição.

Imagem: Ministério do Turismo e Antiguidades egípcio

As múmias egípcias não eram apenas uma forma de preservar os corpos dos falecidos, mas também serviam como uma espécie de “morada” para a alma, garantindo uma passagem segura para a vida após a morte. Muitas múmias eram colocadas em sarcófagos ricamente decorados, juntamente com amuletos e artefatos preciosos destinados a ajudar o falecido em sua jornada no além.

Múmias no Gelo

Enquanto as múmias egípcias são talvez as mais conhecidas, elas não são as únicas a serem preservadas ao longo dos séculos. Nas regiões árticas e subárticas do mundo, como na Sibéria e nas montanhas dos Andes, foram encontradas tipos de múmias naturalmente preservadas pelo gelo.

As múmias no gelo são um testemunho impressionante da capacidade do clima extremo de conservar os corpos humanos. Em muitos casos, essas múmias são tão bem preservadas que até mesmo tecidos moles, como pele e cabelo, permanecem intactos, oferecendo aos cientistas uma rara visão da vida e da cultura das civilizações antigas que habitavam essas regiões.

Um dos exemplos mais famosos de múmias no gelo é o homem de gelo Ötzi, descoberto nos Alpes Ötztal, entre a Áustria e a Itália, em 1991. Ötzi viveu há mais de 5.000 anos e sua múmia, encontrada congelada em um glaciar, proporcionou uma riqueza de informações sobre a vida no período Neolítico, incluindo sua dieta, estilo de vida e até mesmo possíveis causas de sua morte.

Uma das múmias humanas de geleiras mais famosas do mundo: Ötzi, o “Homem de Gelo”. Ele era muito diferente do que se propunha até a realização de um estudo genético completo. Crédito: South Tyrol Museum of Archaeology/Eurac/Marco Samadelli-Gregor Staschitz

Além de Ötzi, outras múmias no gelo foram descobertas em várias partes do mundo, cada uma delas oferecendo informações valiosas sobre o passado humano e as adaptações necessárias para sobreviver em ambientes extremos.

Múmias Chinchorro

Há uma tradição de mumificação que remonta ainda mais longe no tempo do que as do Egito antigo. As múmias Chinchorro, encontradas no norte do Chile e no sul do Peru, datam de mais de 7.000 anos atrás, tornando-as nos tipos de múmias artificialmente preservadas mais antigas conhecidas até hoje.

A técnica de mumificação dos Chinchorro era diferente da dos egípcios, mas igualmente impressionante em sua execução. Em vez de remover os órgãos internos, os Chinchorro secavam os corpos e removiam os tecidos moles, substituindo-os por materiais como palha e argila. Os corpos eram então envoltos em tecidos e revestidos com uma camada de argila para preservação adicional.

Uma característica única das múmias Chinchorro é a diversidade de estilos e técnicas de mumificação encontradas entre elas. Alguns corpos foram mumificados de forma completa, enquanto outros foram apenas parcialmente preservados. Essa variedade sugere que a prática de mumificação entre os Chinchorro era altamente flexível e adaptável às necessidades e circunstâncias individuais.

Múmia do povo chinchorro
Imagem: Reprodução

Múmias Guanche

Nas Ilhas Canárias, localizadas ao largo da costa da África, outra cultura antiga praticava a mumificação, gerando outros tipos de múmias: os Guanches. Eles eram os habitantes originais das Ilhas Canárias e desenvolveram uma sociedade distinta e avançada antes da chegada dos conquistadores espanhóis no século XV.

A prática de mumificação entre os Guanches era semelhante à dos egípcios, mas com algumas diferenças distintas. Os corpos eram desidratados em covas especiais e depois colocados em cavernas ou sepulturas coletivas. As múmias Guanche eram frequentemente enterradas com artefatos e ornamentos preciosos, indicando a importância ritual e religiosa atribuída à morte e à preservação dos mortos na cultura Guanche.

Embora as múmias Guanche tenham sido alvo de saques e destruição durante a conquista espanhola das Ilhas Canárias, várias delas sobreviveram até os dias atuais.

Imagem: Emilio Naranjo/EFE

Múmias Bog

Enquanto muitas múmias são preservadas pelo gelo, outras são preservadas pelo pântano. As múmias Bog, encontradas em regiões pantanosas da Europa, como na Irlanda, Reino Unido, Alemanha e Dinamarca, são corpos humanos preservados em turfa ácida e anaeróbica.

A preservação das múmias Bog é um fenômeno único, resultante das condições únicas encontradas nos pântanos. O ambiente ácido e com baixo teor de oxigênio impede a decomposição bacteriana, enquanto os ácidos presentes na turfa ajudam a preservar os tecidos moles dos corpos.

As múmias Bog oferecem uma visão fascinante da vida na Europa pré-histórica e medieval. Muitas vezes, esses corpos são encontrados com vestimentas e artefatos bem preservados, proporcionando conhecimentos sobre a vestimenta, dieta e até mesmo doenças da época.

Das majestosas múmias egípcias aos corpos congelados dos Alpes, as múmias têm capturado a imaginação das pessoas em todo o mundo. Cada tipo de múmia oferece uma janela única para o passado, revelando não apenas os segredos da morte e da preservação, mas também as histórias e culturas das civilizações antigas que as criaram.

Por Danilo Oliveira, editado por Bruno Ignacio de Lima

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Quais tipos de múmias existem?
Foto: Andrea Izzotti/Shutterstock