Cientistas usaram bactérias da pele humana contra três espécies de mosquitos
Cientistas da Universidade da Califórnia em San Diego encontraram uma forma de tornar os repelentes mais duradouros e menos tóxicos usando um componente natural: bactérias da pele humana. A equipe se aproveitou da microbiota do corpo humano e, com modificações genéticas, a reverteu contra os mosquitos.
Testes em camundongos comprovaram a eficiência do repelente “natural” durante dias seguidos, inclusive contra o mosquito da dengue.
Repelente reverte bactérias do corpo humano contra mosquitos
As fêmeas de mosquitos são atraídas aos humanos e outros animais devido ao dióxido de carbono e ao calor corporal que exala do corpo. No entanto, o que realmente as guia para o sangue humano são os odores das bactérias da pele.
Duas bactérias em específico têm um papel importante nessa atração: Staphylococcus epidermidis e Corynebacterium amycolatum. Elas compõem grande parte da microbiota da pele e produzem um tipo de ácido láctico conhecido por atrair os mosquitos.
Os pesquisadores americanos, então, resolveram virar essas bactérias contra os insetos. Para isso, eles criaram duas versões dos microorganismos geneticamente modificados para não ter o gene responsável pela produção do ácido láctico.
Segundo o New Atlas, a ideia é que, ao serem inseridas em um microbioma existente, elas substituam as bactérias atuais em sua forma natural.
Testes comprovaram eficiência do repelente
Os testes foram realizados em camundongos. As manchas raspadas dos animais vivos foram pintadas com as formas naturais ou modificadas das bactérias.
Então, durante as duas semanas que se seguiram, os roedores foram expostos às fêmeas dos mosquitos Aedes aegypti, Anopheles gambiae e Culex quinquefasciatus durante 10 minutos todos os dias. As três espécies são conhecidas por transmitirem doenças, como dengue e malária.
Veja os resultados:
- Três dias depois, o primeiro tipo de bactéria modificada (a Staphylococcus epidermidis) reduziu a atração dos mosquitos em até 64,4% em comparação com a forma natural do microorganismo;
- O efeito repelente durou 11 dias;
- O segundo tipo de bactéria modificada (a Corynebacterium amycolatum) apresentou um efeito semelhante em relação à sua forma natural;
- Em comparação, um repelente tradicional feito de DEET (ingrediente encontrado nas fórmulas dos produtos) tem duração média de quatro a oito horas.
O artigo foi publicado nesta semana na PNAS Nexus.
Por Vitoria Lopes Gomez do Olhar Digital