A medida faz parte de um decreto da prefeitura do Rio de Janeiro, que citou os prejuízos causados pelos celulares à saúde das crianças
O uso de celulares nas escolas da rede municipal do Rio de Janeiro será proibido até no recreio. A medida faz parte de um decreto do prefeito da cidade, Eduardo Paes, publicado no Diário Oficial desta sexta-feira (2). A nova norma entra em vigor em 30 dias.
Desde agosto do ano passado, os estudantes da rede municipal de ensino não podiam pegar no telefone dentro da classe, somente nos intervalos. Mas a partir de março, a proibição ficará mais rigorosa.
Segundo a medida, “fica proibida a utilização de celulares e outros dispositivos eletrônicos pelos alunos nas unidades escolares da rede pública municipal de ensino nas seguintes situações: dentro da sala de aula; fora da sala de aula quando houver explanação do professor e/ou realização de trabalhos individuais ou em grupo na unidade escolar; durante os intervalos, incluindo o recreio”.
Ainda de acordo com a decisão, os celulares deverão ser guardados na mochila do aluno, desligado ou ligado em modo silencioso e sem vibração. As informações são do G1.
A gente acredita que a escola é um local de aprendizagem e interação social. As crianças não podem continuar ficando isoladas nas suas próprias telas, sem interagir umas com as outras, sem brincar. A escola precisa dessa interação humana.
Renan Ferreirinha, secretário municipal de Educação do Rio de Janeiro
Em caso de descumprimento, “o professor poderá advertir o aluno e/ou cercear o uso dos dispositivos eletrônicos em sala de aula, bem como acionar a equipe gestora da unidade escolar”.
Alunos poderão mexer no celular apenas nas seguintes situações:
- Antes da primeira aula do dia, desde que fora da sala;
- Após a última aula do dia, desde que fora da sala;
- Quando houver autorização expressa do professor regente para fins pedagógicos, como pesquisas, leituras ou acesso ao material Rioeduca;
- Para os alunos com deficiência ou com condições de saúde que necessitam destes dispositivos para monitoramento ou auxílio de sua necessidade;
- Durante os intervalos, incluindo o recreio, quando a cidade estiver classificada a partir do Estágio Operacional 3;
- Quando houver autorização expressa da equipe gestora da unidade escolar em casos que ensejem o fechamento ou interrupção temporária das atividades da unidade escolar, de acordo com o protocolo do programa Acesso Mais Seguro;
- Durante os intervalos para os alunos da Educação de Jovens e Adultos;
- Quando houver autorização expressa da equipe gestora da unidade escolar por motivos de força maior.
O que diz a prefeitura
A medida veio depois de uma consulta pública, aberta em dezembro do ano passado. Na ocasião, 83% dos respondentes concordaram com a restrição.
Ao justificar o decreto, Paes citou a própria pesquisa da Secretaria Municipal de Educação e recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) sobre limites no tempo de tela para crianças.
A análise [da Unesco] de uma grande amostra de jovens com idades entre 2 e 17 anos nos Estados Unidos mostrou que um maior tempo de tela estava associado a uma piora do bem-estar; menos curiosidade, autodisciplina e estabilidade emocional; maior ansiedade e diagnósticos de depressão.
Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi