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Durante o auge da temporada de tempestades no final de 2024, satélites registraram ondas oceânicas colossais com média de quase 20 metros de altura no Pacífico Norte, atingindo um novo marco em medições espaciais.
Este fenômeno extremo, apelidado de “ondas monstruosas”, não é apenas impressionante pelo seu tamanho, mas também pela forma inovadora como foi medido.
A missão SWOT, acrônimo para “Surface Water and Ocean Topography”, lançada em dezembro de 2022 como uma colaboração entre a NASA e a agência espacial francesa CNES, possibilitou a criação de mapas bidimensionais abrangentes da superfície oceânica, uma façanha antes limitada por tecnologias de radar-Altimetria.
Por décadas, a dinâmica complexa das ondas em altos mares foi um desafio para os cientistas, pois satélites frequentemente falhavam em capturar o auge de tais tempestades.
Antes de 2024, apenas pouquíssimas medições excediam 18,5 metros, devido às limitações dos sensores em cobrir vastas áreas oceânicas no momento exato.
Entretanto, a sorte favoreceu o SWOT em dezembro de 2024, capturando uma altura significativa das ondas durante a violenta tempestade Eddie, oferecendo uma janela rara para eventos naturais tão extremos.
Como as ondas monstruosas são medidas do espaço?
A medição precisa de ondas oceânicas a partir do espaço tornou-se possível mediante a integração da tradições radar-Altimetria com técnicas de imagem expansivas. Este método inovador permite não só medir a altura de ondas isoladas, mas também compreender a formação, propagação e energia delas ao longo de milhares de quilômetros.
Ondas que outrora passavam despercebidas estão agora no radar: regulações minúsculas de até 3 centímetros e comprimentos de ondas que se estendem por 1.400 metros podem ser revelados.
Essa técnica aproveita a energia residual deixada por uma tempestade, observando as ondulações que continuam a distantes partes do oceano – uma espécie de “eco ondulatório”.
Este método revolucionário em pesquisa oceânica mostrou que ondas curtas e íngremes transferem energia para ondas mais longas durante tempestades extremas, criando assim ondas monstruosas.
Estas ondas longas viajam por milhares de quilômetros, perpetuando a energia que receberam durante a tempestade original.
Onde se formam as maiores ondas monstruosas?
O estudo revelou que as ondas monstruosas mais imponentes emergem de tempestades peculiares, onde regiões de ventos intensos se movem à mesma velocidade das ondas, fornecendo a energia necessária para que estas se tornem excepcionalmente altas e longas.
Essa concentração enérgica de ondas é efêmera, durando apenas algumas horas antes de se dissipar pelo vasto oceano.
Entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, a trajetória de uma dessas ondulações foi documentada ao longo de 24.000 quilômetros de oceano, desde o Pacífico Norte, passando pela Passagem de Drake, até o Atlântico tropical.
Este percurso ilustra como um furacão próximo ao Alasca pode causar situações perigosas em outro continente semanas depois, mostrando o poder de alcance das ondas monstruosas.
Qual é o impacto desta descoberta para a segurança marítima?
A combinação de técnicas de monitoramento satelital com medições tradicionais de boias agora oferece uma imagem mais completa da dinâmica dos oceanos.
Este avanço tem implicações significativas, melhorando previsões climáticas, auxiliando na engenharia de estruturas marítimas e fortalecendo a defesa costeira. Além disso, a análise aprimorada de sinais sísmicos induzidos por ondas oceânicas torna-se viável.
Para navegadores, sistemas de roteamento meteorológico mais avançados poderão considerar não apenas tempestades atuais, mas também esses efeitos prolongados das ondas, oferecendo previsões mais confiáveis para atravessadores oceânicos.
Instituições como a Universidade de Copenhague e a Universidade de Maryland estão explorando o potencial de inteligência artificial para avaliar esses dados, sugerindo um futuro onde a tecnologia poderá ainda mais transformar nosso entendimento dos mares.
Com informações de O Antagonista
Fonte: Diário Do Brasil
