Por Augusto Dala Costa | Editado por Luciana Zaramela

Apesar de nós, humanos, não precisarmos operar um membro a mais além dos braços e pernas desde que perdemos as caudas, há milhões de anos, conseguimos aprender a operar membros robóticos extras surpreendentemente rápido, de acordo com um estudo recente. Embora o método tenha envolvido, na verdade, a readequação dos músculos da perna, a habilidade de aprendizado se demonstrou muito melhor do que o esperado, abrindo diversas possibilidades na área.

Em geral, pacientes com membros amputados ou com deficiência conseguem aprender a operar prostéticos rapidamente, mas para isso, só é preciso reorientar os circuitos cerebrais que trazemos conosco por milhares de anos. Também pegamos o jeito com ferramentas facilmente, o que também é genético, já que mesmo outros primatas também fazem o mesmo. Membros extras são outra história — nunca tivemos mais braços do que dois, afinal.

O controle de membros adicionais é uma proposta antiga para ajudar em atividades complexas ou reabilitar pessoas com membros amputados, mas não sabíamos a eficiência do aprendizado humano no controle de tais elementos — agora, sabemos um pouco melhor (Imagem: MikeShots/Envato)
O controle de membros adicionais é uma proposta antiga para ajudar em atividades complexas ou reabilitar pessoas com membros amputados, mas não sabíamos a eficiência do aprendizado humano no controle de tais elementos — agora, sabemos um pouco melhor (Imagem: MikeShots/Envato)

Os circuitos cerebrais de animais com diversos braços, como polvos e lulas, se desenvolveram muito depois de nosso último ancestral comum, o que quer dizer que esse território é bastante novo para o panorama evolutivo humano. É aqui que entra a equipe anglo-australiana de cientistas, que decidiram testar como iríamos nos sair no controle de membros adicionais.

Recebendo uma mãozinha

Para testar a capacidade humana de controle, foi desenvolvida uma atividade computacional que requer operação por dois braços e uma perna, controlando três operadores para mover o centro de massa de um triângulo em uma tarefa rápida, de três segundos. Alguns dos participantes receberam sessões de treinamento de 15 minutos antes da atividade, enquanto outros eram auxiliados no controle do terceiro operador por outro participante, também utilizando o pé.

Em um estudo anterior, um desafio parecido mostrou que trabalhar com um parceiro operando o terceiro membro dava resultados melhores do que o controle individual, mas, na ocasião, não havia treinamento prévio. Com o treino, os grupos tiveram uma performance equivalente, mostrando que em apenas uma hora já era possível aprender a operar um membro extra.CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Segundo os cientistas, o resultado é “impressionante”, já que, quando uma dupla opera os membros, utilizam a experiência de uma vida cooperando com outros humanos — operar um terceiro braço robótico sozinho é um campo totalmente novo.

Os resultados são muito promissores no desenvolvimento de braços robóticos adicionais, que poderão ser usados, entre outras coisas, para realizar cirurgias, trabalhos industriais ou na reabilitação de pessoas com membros amputados. Embora a ideia de braços extras seja antiga, não sabíamos, até agora, como seria sua operação — e nos saímos bem melhor do que o esperado.

Fonte: Scientific ReportsQueen Mary University of LondonIEEE Xplore

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Se ganhássemos um terceiro braço, aprenderíamos a controlá-lo muito rápido
Foto: Jizai Arms/The University of Tokyo