As imagens representam expressões humanas e costumam ficar submersas, mas reapareceram com a baixa do Rio Negro
O Norte do Brasil enfrenta uma das piores secas da história recente. Em Manaus, por exemplo, o Rio Negro atingiu o nível mais baixo em 121 anos. O triste cenário acaba revelando um pouco do passado da região. Conhecidas popularmente como “caretas”, por terem semelhanças com expressões humanas, gravuras rupestres esculpidas em paredes rochosas há mais de mil anos reapareceram com o recuo das águas.
Gravuras rupestres costumam ficar submersas
- As gravuras estão localizadas dentro da área urbana da capital amazonense, em uma região conhecida como “Praia das Lajes”, de onde se tem uma vista privilegiada para o Encontro das Águas.
- O local foi o primeiro de Manaus a ser registrado no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA) do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
- Os primeiros registros dessas gravuras milenares, que por muito tempo ficaram submersas, foram feitos em 2010, quando as águas escuras do rio baixaram até 13,63 metros.
- Até então, aquela era a seca mais severa que a capital do Amazonas tinha enfrentado.
Imagens mostram diferentes expressões
A maioria das gravuras são de rostos humanos, alguns retangulares e outros ovais, com sorrisos ou expressões sombrias. Para Beatriz Carneiro, historiadora e integrante do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Praia das Lajes tem um valor “inestimável” na compreensão dos primeiros povos que habitaram a região, um campo ainda pouco explorado.
Infelizmente agora está reaparecendo com o agravamento da seca. Ter nossos rios de volta (alagados) e manter as gravuras submersas vai ajudar a preservá-los, mais até do que o nosso trabalho.
Beatriz Carneiro, historiadora e integrante do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional(Iphan)
O reaparecimento das imagens na margem do rio chamou a atenção dos cientistas e também do público em geral. Lívia Ribeiro, moradora da maior cidade do Amazonas há 27 anos, disse que soube das gravuras rupestres por amigos. “Achei que era mentira… Eu nunca tinha visto isso”, disse ela.
No entanto, essa revelação indica uma situação preocupante. A redução história no nível dos rios colocou a região em estado de alerta e é mais uma das facetas do El Niño, que aumenta os efeitos do aquecimento global.
O governo brasileiro enviou ajuda emergencial para a área, que conta com um verdadeiro labirinto de hidrovias para transporte e abastecimento. As informações são da Phys.org. Veja mais fotos:
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi | Olhar Digital