Os chefes da Defesa de Estados Unidos (EUA) e da Coreia do Sul pediram à Coreia do Norte que retire as suas tropas da Rússia, depois de a Casa Branca afirmar que cerca de 10 mil soldados norte-coreanos foram destacados para uma possível atuação contra as forças ucranianas.
Enquanto a guerra na Ucrânia parece não ter fim à vista, a aliança política e militar entre a Rússia e a Coreia do Norte está cada vez mais fortalecida. Os representantes mundiais consideram que o envio de tropas norte-coreanas para combater as forças ucranianas representa uma escalada significativa e levanta sérias complicações a nível mundial.
“Peço que retirem as suas tropas da Rússia”, apelou o secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, numa aparição conjunta com o seu homólogo sul-coreano, Kim Yong-hyun.
Austin afirmou que os Estados Unidos “continuarão a trabalhar com aliados e parceiros para dissuadir a Rússia de utilizar essas tropas em combate”, mas advertiu que é “provável que Moscovo também o faça”.
Se as tropas norte-coreanas “lutam ao lado dos soldados russos neste conflito e atacam soldados ucranianos, estes últimos têm o direito de se defender”, ressaltou Austin, acrescentando que “eles (russos) estão a fazer isso porque [o presidente russo Vladimir] Putin perdeu muitas tropas”.
Numa mensagem dirigida ao líder norte-coreano, Kim Jong-un, a delegação dos Estados Unidos na ONU deixou um aviso, horas depois, de que os seus soldados “vão voltar certamente em sacos para cadáveres” se entrarem na Ucrânia. “Aconselharia o presidente Kim a pensar duas vezes antes de se envolver numa ação tão imprudente e perigosa”, disse o vice-embaixador, Robert Wood, no Conselho de Segurança.
Kim Young-hyun apontou que a entrada norte-coreana na Rússia “pode resultar na escalada das ameaças à segurança na península coreana”. Isto porque há uma “grande probabilidade” de que o governo de Pyongyang peça ajuda tecnológia à Rússia para os seus programas de armas em troca da implementação das suas forças.
No entanto, quando questionado se a Coreia do Sul pretende fornecer munições indiretamente à Ucrânica, o ministro afirmou que, “no momento atual, não está nada determinado”. Seul tem uma política de longa data que proíbe a venda de armas para zonas de conflito ativas, incluíndo a Ucrânia – posiçaõ que o governo sul-coreano parece manter apesar dos apelos de Washington e Kiev.
Os alertas dos EUA e da Coreia do Sul surgem depois das autoridades dos EUA terem acusado a Coreia do Norte de testar um míssil balístico intercontinental (ICBM). Posteriormente, o governo do Japão veio dizer que este atingiu uma altitute máxima de mais de sete mil quilómetros e voou durante uma hora e 26 minutos.
Na passada terça-feira, o Pentágono referiu que alguns dos soldados norte-coreanos estavam em Kursk, uma região na fronteira onde as forças russas têm lutado contra uma ofensiva ucraniana desde agosto.
Em declarações à Associated Press, um responsável ucraniano disse que as tropas norte-coreanas estão agora estacionadas a 50 quilómetros da fronteira ucraniana com a Rússia.
O embaixador da Rússia na ONU, Vasily Nebenzya, negou a presença das forças de Pyongyang na linha da frente na Ucrânia. “Essas desclarações sobre soldados norte-coreanos na nossa frente de guerrra são afirmações simples cujo propósito é desviar a atenção dos problemas realmente importantes que ameaçam a paz e segurança internacionais”.
O governo de Kim Jong Un negou ter enviado tropas para a Rússia, mas o seu vice-ministro das Relações Exteriores disse que, se tal envio acontecesse, estaria de acordo com as normas globais.
Já Vladimir Putin não nega as acusações da presença de tropas norte-coreanas no país, mas também se recusa a confirmar.
Fonte: CNN Portugal
Fonte: Diário Brasil Noticias