Estudo recém-publicado diz que o tempo pode de fato parecer se arrastar mais lentamente durante o exercício físico

Imagine-se na academia, prestes a concluir seu treino. O último desafio é na bicicleta ergométrica. Você sobe, começa a pedalar e sua mente divaga sobre o que preparar para o jantar. De repente, ao olhar para o relógio, percebe que passou menos tempo do que pareceu.

Essa sensação não é apenas uma ilusão. Um novo estudo, publicado na revista Brain and Behavior, revela que o tempo pode de fato parecer se arrastar mais lentamente durante o exercício físico. 

Essa descoberta desafia a compreensão tradicional de como percebemos o tempo e abre caminho para explorar mais a fundo essa fascinante relação entre atividade física e percepção temporal.

Você já pensou ter corrido 40 minutos e, na verdade, não havia passado nem 10? Sensação é cientificamente comprovada. Crédito: Krakenimages.com – Shutterstock

A passagem do tempo é um fenômeno complexo e intrigante. Enquanto muitos aspectos do nosso cotidiano são regidos por relógios e calendários, a experiência pessoal do tempo varia consideravelmente de acordo com o contexto e o estado de espírito. PUBLICIDADE

A ciência ainda está desvendando os mecanismos subjacentes a essa percepção temporal, e este novo estudo traz novas perspectivas sobre o assunto.

Albert Einstein, como se sabe, é o autor da Teoria da Relatividade. Ele ilustrou de forma brilhante como o tempo pode ser percebido de maneira diferente em diferentes situações, usando exemplos cotidianos que ressoam com o que costumamos sentir, como o contraste entre uma hora agradável e um minuto doloroso.

Como o experimento foi feito

No estudo em questão, os pesquisadores exploraram essa complexidade ao investigar o efeito do exercício físico na percepção temporal de 33 participantes. O experimento envolveu sessões de ciclismo em uma bicicleta ergométrica, onde os participantes pedalavam em um percurso virtual de quatro quilômetros projetado em uma tela.

Durante as sessões, os participantes foram expostos a três condições diferentes de competição:

  • Solo: apenas o avatar virtual do participante era visível no percurso;
  • Oponente passivo: outro avatar estava presente no campo visual, mas não competia diretamente;
  • Oponente ativo:os participantes competiam diretamente com outro avatar para completar o percurso primeiro.

Antes, durante e após as sessões de ciclismo, os participantes foram solicitados a estimar quando havia passado um intervalo de 30 segundos. Essa abordagem permitiu aos pesquisadores avaliar como a percepção temporal dos participantes mudava em diferentes contextos de competição e esforço físico.

Experimento envolveu voluntários em sessões de ciclismo em uma bicicleta ergométrica. Crédito: wavebreakmedia – Shutterstock

Os resultados revelaram uma descoberta intrigante: o tempo parecia passar mais devagar para os participantes durante o exercício, independentemente da presença de um oponente ou da intensidade da competição. Essa distorção temporal, em que o tempo subjetivamente se estendia, desafia a ideia convencional de que o tempo é uma constante objetiva e sugere uma influência significativa do estado físico e mental na percepção temporal.

Relação entre atividade física e percepção temporal: mistério a ser desvendado

Embora esse estudo seja um passo inicial em direção a entender melhor essa relação entre exercício e percepção temporal, ele tem implicações vastas. Para aqueles que buscam uma compreensão mais profunda de como nosso cérebro interpreta o tempo durante atividades físicas, essa pesquisa oferece um ponto de partida empolgante.

Além disso, considerando o impacto do tempo percebido na motivação e no prazer durante o exercício, essas descobertas podem informar estratégias para otimizar a experiência de treino e promover hábitos de vida saudáveis. A compreensão de como nossa mente molda nossa experiência temporal não apenas nos ajuda a desvendar os mistérios da percepção, como também tem aplicações práticas em nosso bem-estar diário.

Portanto, da próxima vez que você estiver na academia, envolto na sensação de que o tempo se estende de forma peculiar, lembre-se de que essa percepção é um reflexo fascinante da interação entre mente, corpo e ambiente.

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Tempo parece passar mais devagar na academia? Cientistas querem entender o porquê