Sara, a lhasa apso de 12 anos do designer jauense Valdir Paschoal, 52, estava desenganada. Uma grave hepatite associada à colicistite (inflamação na vesícula) deixou a cachorrinha anoréxica, desidratada, com icterícia e alterações neurológicas em poucos dias. “Tentamos todos os métodos convencionais de tratamento, desde soroterapia, administração de antibióticos, analgésicos, anti-inflamatórios e outros medicamentos até cirurgia, sem sucesso! Ela estava caminhando para o óbito. Estávamos perdendo a esperança, mas resolvemos tentar a terapia celular, embora não exista literatura para aplicação de células-tronco para a doença hepática. Foi quando Sara renasceu”, contou o médico veterinário especializado em terapia celular (mesenquimal) Giovani Fernando Araújo, do HVA, hospital veterinário de Jaú, no interior paulista.
Tudo começou com indisposição e apatia. Sara, que sempre foi brincalhona e ativa, parou de comer de repente e só queria dormir. “Eu estava viajando a trabalho e havia deixado a cachorra na casa dos meus pais. Quando percebeu o comportamento estranho da Sara, minha mãe me ligou, relatando que ela não estava bem. Voltei a Jaú no dia seguinte e a levei ao veterinário. Fizeram vários exames e a encaminharam para uma tomografia em Rio Claro. O resultado foi uma grave inflamação na vesícula, com indicação de cirurgia”, falou o tutor.
O procedimento foi realizado, mas o estado de saúde de Sara continuava delicado. “Ela foi para casa, mas não reagia. Nem água ela bebia. Fiquei muito aflito e voltei ao veterinário na manhã seguinte para novos exames, que diagnosticaram uma hepatite severa. Não tinha muito o que fazer. Perguntei ao doutor Giovani o que ele faria se o pet fosse dele, e ele respondeu: `tentaria células-tronco, embora não haja histórico de terapia celular para a doença’ “, lembrou Paschoal.
O tutor e a equipe de Giovani resolveram tentar. Solicitaram o material à Omics Biotecnologia Animal, que produz células-tronco mesenquimais para tratamento veterinário, naquela mesma manhã e por volta da hora do almoço foi feita a aplicação do material em Sara. “Eu estava com outra viagem marcada e não podia cancelar. Após o procedimento, levei Sara para a casa da minha mãe e peguei a estrada com o coração na mão. Para minha surpresa, quando liguei à noite para saber das notícias, Sara já estava latindo, brincando e já havia se alimentado. Sua recuperação foi impressionante”, afirmou Paschoal.
No retorno ao hospital, o veterinário Giovani atestou que Sara estava sem mais sinais da doença e, o que é melhor, sem sequelas. “O caso da Sara foi muito marcante para nossa equipe, porque o prognóstico era sombrio e porque os sintomas evoluíram muito rápido. Em poucos dias, ela ficou bem mal, com alterações neurológicas, inclusive. Depois da aplicação das células-tronco, no entanto, ela evoluiu muito bem e está aí hoje sem sequelas”, comemorou.
E a lhasa voltou a “reinar” na família! “Ela é uma cachorra que sempre chamou a atenção na família e na minha roda de amigos pelo fato de ser dócil, brincalhona e engraçada. Então, quando adoeceu, todo mundo ficou triste, porque, onde ela estava, só irradiava alegria. A recuperação da Sara foi comemorada por muita gente”, afirmou o tutor.
Para a médica veterinária Fernanda Landim, especialista em cultivo e terapia celular da Omics Biotecnologia Animal, a Sara desenvolveu uma hepatite aguda com alteração inflamatória, resultando em perda da função do fígado. O tratamento com células-tronco promove uma modulação dessa inflamação, controlando a ativação de células T natural killer e macrófagos, e diminuindo a produção de INF-a, INF-g e outras citocinas. O controle da inflamação pelas células-tronco, em associação com as ações de diminuição de morte celular e ativação da proliferação de células hepáticas, resultou na melhora clínica rápida e definitiva do animal”, explicou.
O tratamento com células-tronco, em casos indicados, pode promover, se não a cura, melhor qualidade de vida para os pets e menos sofrimento para eles e seus donos. Para Valdir Paschoal, a terapia celular foi uma bênção! “Se me perguntassem se eu faria de novo para que Sara tivesse apenas mais uns meses de vida, eu faria! Não tem preço vê-la novamente saudável e brincando”, declarou.