Por Augusto Dala Costa | Editado por Luciana Zaramela
Quem não era um trabalhador essencial durante a pandemia do coronavírus, que exigiu alguns anos de isolamento social, provavelmente viveu a nova realidade no mundo dos empregos — o home office, ou trabalho remoto. Muitos voltaram aos escritórios, outros gostaram da ideia e, com anuência da empresa, conseguiram seguir trabalhando de casa.
Um novo estudo mostra que esses entusiastas ainda estão contribuindo para diminuir a pegada de carbono significativamente se comparados aos seus colegas presenciais. A pesquisa é parceria da Universidade Cornell com a Microsoft, e indica que trabalhadores remotos têm uma pegada de carbono até 54% menor do que os presenciais.
Os trabalhadores híbridos, que transitam entre os ambientes, também estão na vantagem: quem fica de dois a quatro dias em casa na semana pode reduzir a pegada de carbono entre 11% e 29%. Já quem só fica em casa durante apenas um dia na semana corta o número em apenas 2%.
Como é a redução da pegada de carbono no home office?
Vale lembrar que o trabalho remoto não é carbono 0 — e o benefício de estar no emprego em casa também não é exatamente linear. Segundo o estudo, as principais contribuições à pegada de carbono são transporte e uso de energia do escritório, o que foi calculado com entrevistas e modelagem computacional.
Há questões de estilo de vida envolvidas, como uso de energia residencial, modo de transporte, uso de dispositivos de comunicação, número de moradores na casa e configuração do escritório (como compartilhamento de assentos e tamanho da construção), por exemplo.
Todos os elementos acima entraram no estudo, cuja conclusão é que as organizações que empregam esses funcionários devem priorizar a melhora dos escritórios e do estilo de vida de seus funcionários para sair ganhando em qualquer um dos campos de trabalho.
Outras pesquisas descobriram, graças a entrevistas feitas nos Estados Unidos, que 87% dos funcionários abraçam a oportunidade de trabalhar de casa quando oferecidos alguns dias remotos, ficando uma média de três dias por semana trabalhando em seus lares. Quem recebe a chance de trabalhar integralmente em casa também abraça mais a causa, ficando uma média de 3,3 dias em home office.
Isso significa que funcionários, em geral, gostam de trabalhar de casa, e, à medida que os dias de trabalho remoto aumentam, os funcionários passam a valorizar mais as saídas que não são a trabalho, como as recreativas e de socialização. Algumas empresas até mesmo pagam as contas de energia, internet e outros custos relacionados a trabalho de funcionários em home office.
Embora o trabalho remoto ajude a aliviar o congestionamento do tráfego urbano e melhore a qualidade de vida de muitos funcionários, o estudo ainda aponta que os efeitos do home office e do trabalho híbrido no uso de tecnologias de comunicação como computador, celular e internet têm um impacto insignificante na pegada de carbono.
Fonte: PNAS, McKinsey & Company