Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein
Nada menos que 75% dos homens americanos reconhecem trocar tempo de sono pelo videogame. E 62% deles adiam a hora de deitar bebendo álcool. Os números são de uma pesquisa feita pela Sociedade Americana de Medicina do Sono, que acaba de lançar uma campanha alertando sobre os riscos de dormir pouco e mal.
De fato, uma noite bem dormida é tão importante para a saúde quanto bons hábitos de alimentação e atividade física. Afinal, enquanto a gente descansa o organismo na verdade está muito ocupado reparando tecidos, renovando células, organizando as memórias, entre muitas outras tarefas. Por isso, essa pausa é essencial para melhorar a imunidade, reduzir o risco de doenças como hipertensão, além de combater estresse, depressão e ansiedade. Mas, segundo dados americanos, um terço das pessoas não dorme nem sete horas por noite.
“Há uma verdadeira epidemia de privação de sono. A gente precisa de um tempo mínimo, tanto em quantidade como em qualidade”, diz a neurofisiologista Stella Tavares, responsável pelo setor de Polissonografia do Hospital Israelita Albert Einstein.
Quando não é suficiente, além do cansaço e da sonolência diurna, a privação do sono aumenta o risco de acidentes inclusive no trabalho, perda de memória e atenção, além de doenças como diabetes. “Essa falta de rotina afeta nosso ritmo circadiano, o que também gera alterações hormonais”, continua Stella. Até a fome aumenta, e com ela o ganho de peso. Muitas vezes a pessoa não tem consciência disso e não associa os problemas que aparecem de dia às noites mal dormidas.
“O celular, as TVs e tablets mudaram completamente nossa relação com o sono”, observa Stella. Isso porque a luz das telas inibe a secreção da melatonina, o hormônio que é o gatilho para o sono. Tudo sem falar nos aspectos emocionais: jogar antes de dormir, por exemplo, deixa a pessoa mais tensa e alerta.
“É um bombardeio e um excesso de informações para o organismo processar.” O álcool, por sua vez, até ajuda a pregar os olhos, mas ao ser metabolizado gera um sono fragmentado, de má qualidade.
Por isso, vale prestar atenção aos sinais de algo não vai bem entre os lençóis: se a pessoa sente necessidade de cafeína durante o dia para se manter alerta e com energia, se tem dificuldades de concentração, se adormece facilmente diante da TV ou no carro, se dorme excessivamente nos fins de semana ou não tem energia para se exercitar ou brincar com as crianças. Nesse caso, é hora de mudar os hábitos.
E não adianta compensar as horas que faltam dormindo a mais no fim de semana. As noites reparadoras precisam ser algo rotineiro. Significa acordar todos os dias com a sensação de estar renovado depois de um merecido descanso.
Dicas para uma boa higiene do sono
Mantenha uma rotina, dormindo e acordando sempre no mesmo horário, se possível nos fins de semana e férias também;
Vá para cama num horário que permita dormir pelo menos sete horas;
Use a cama somente para dormir. Assista TV em outro quarto;
Faça do seu quarto um ambiente relaxante;
Reduza a ingestão de líquidos antes de deitar e faca refeições leves à noite;
Desligue os eletrônicos pelo menos meia hora antes de deitar;
Evite álcool e cafeína à noite
Se não pegar no sono em 20 minutos, saia da cama e faça uma atividade relaxante, como ler