Mapear o cérebro e estudar suas atividades não é uma tarefa fácil. Fazer isso de forma menos invasiva pode ser ainda mais desafiador. Mas foi esse desafio que motivou uma nova pesquisa da UC San Diego (EUA). No último dia 17, a equipe do Laboratório Integrado de Eletrônica e Biointerfaces publicou um artigo científico que revela um novo sensor ultrafino capaz de medir a atividade cerebal.
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A novidade apresentada consiste em sondas ultrafinas, flexíveis e personalizáveis, equipadas com sensores que podem registrar sinais cerebrais localizados. As sondas são muito menores do que os sensores usados atualmente, e justamente por essa característica podem ser colocadas muito próximas umas das outras.
Esse posicionamento possibilita a detecção de alta resolução em áreas específicas do cérebro, em áreas profundas que não tinham sido acessadas antes. Em vídeo, você pode conferir o funcionamento desse novo sensor:
Para comprovar a eficácia do novo sensor, a equipe registrou e analisou a atividade cerebral de dois pacientes, mas também recorreu a testes em animais, o que levou a registros bem-sucedidos do córtex de roedores, o registro do córtex somatossensorial de um porco e até gravações em chimpanzés, em diferentes profundidades do cérebro.
Os dados sobre a ação do dispositivo em humanos foram coletados durante cirurgias de remoção de tumores. Os médicos inseriram os sensores no tecido cerebral que estava prestes a ser removido.
Por que medir atividades cerebrais?
Talvez você esteja se perguntando, a essa altura, por que tantos estudos procuram meios de registrar as atividades do cérebro. No futuro, tais tecnologias podem ser as grandes aliadas na detecção e até mesmo no tratamento de diversas doenças relacionadas ao cérebro.
No comunicado divulgado pela UC San Diego, consta que as aplicações potenciais são muito mais amplas, incluindo ajudar pessoas com doença de Parkinson, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), depressão e até mesmo dor crônica.
Compatibilidade com técnicas cirúrgicas
O principal autor do estudo, Shadi Dayeh (professor de engenharia elétrica da UC San Diego) descreveu que esse método permite “a produção de eletrodos reproduzíveis, personalizáveis e de alto rendimento, mas com alta resolução”.
O engenheiro também comentou que a inserção do eletrodo é “compatível com as técnicas cirúrgicas existentes na sala de cirurgia, diminuindo a barreira para sua adoção em procedimentos clínicos”, o que aumenta ainda mais a esperança de que a tecnologia venha a ser utilizada na área da medicina no futuro.
Por fim, o estudo anunciou que o sensor ultrafino é capazes de registrar áreas precisas do cérebro tanto em períodos curtos quanto longos. Os autores também conseguiram correlacionar a atividade cerebral geral com o que estava acontecendo em um único neurônio.
Fonte: UC San Diego Today
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela