Projeto de usina em Fortaleza faz Anatel e outras entidades de telecomunicações temerem pelos cabos de internet na região
A construção da usina de dessalinização na Praia do Futuro, em Fortaleza, no Ceará, não foi recebida com bons olhos por alguns órgãos de telecomunicações e internet, incluindo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O projeto foi aprovado pela Superintendência do Patrimônio da União (SPU-CE) no dia 20 e a agência se manifestou afirmando que a obra é “indesejável e imprudente”.
Projeto da usina de dessalinização
A construção da usina está marcada para começar em março de 2024 e, caso siga sem imprevistos, deve terminar no primeiro semestre de 2026.
Segundo o governo do Ceará, o projeto vai aumentar em 12% a oferta de água da região metropolitana de Fortaleza, transformando a água do mar em água potável.
No entanto, a construção se dará perto de cabos submarinos de telecomunicações e de internet no Brasil, o que faz órgãos e agências temerem uma possível danificação.
Problema da usina em Fortaleza
- Fortaleza – mais especificamente, a Praia do Futuro – são um ponto essencial nas telecomunicações e internet do Brasil e do mundo, já que os cabos submarinos ancorados lá levam conexão para o país e para o fluxo internacional.
- Os cabos estão lá há décadas e têm prazo de validade, precisando de reparo e substituição para dar conta do tráfego de internet. A manutenção é cara e demorada, já que exige o uso de navios de grande porte, equipamentos subaquáticos e mergulhadores.
- A Anatel cita a usina como uma “adição de riscos [aos cabos], portanto, é indesejável e imprudente”.
- Há também receios de que a usina possa afetar a conexão de internet no Brasil. O Olhar Digitaljá detalhou o caso aqui.
O que diz a Anatel
A agência reiterou, em nota ao g1, que os responsáveis não apresentaram “qualquer estudo, previsão, planejamento e detalhamento das medidas que serão adotadas para garantir que os dutos terrestres da usina não provocarão interferências nos cabos”.
Ainda, afirmou que o projeto da SPE – Águas de Fortaleza, responsável pela construção, não seguiu 11 recomendações do International Cable Protection Committee (ICPC), organização que protege os cabos submarinos.
A Anatel voltou a declarar oposição à obra, recomendando que o projeto seja alterado para outras localidades avaliadas como possíveis. Ao Jornal Nacional, no dia 21, o órgão disse que pediu mais informações ao governo do Ceará. O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos respondeu que o projeto ainda segue em análise da União e depende de aprovação de outros órgãos federais.
Ads by Kiosked(Imagem: Divulgação/Cagece)
Defesa do projeto da usina em Fortaleza
A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) defende que a usina não apresenta riscos ao funcionamento dos cabos na Praia do Futuro.
Já a associação de operadoras TelComp, que inclui a cearense Brisanet, afirmou em outubro que o projeto da usina é necessário, mas que há locais mais adequados e que a escolha da praia é “infeliz, inoportuna e inapropriada”.
A Conexis, associação de operadoras de internet do Brasil, como Claro, Vivo, Tim e Oi, revela que as empresas do setor estão preocupadas com os riscos delineados pela Anatel.
Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Lucas Soares