Um professor japonês se casou com um holograma em 2018 e hoje vive problemas em seu relacionamento. Akihiko Kondo, de 38 anos, trocou alianças com a personagem fictícia Hatsune Miku, mas agora enfrenta um grande obstáculo: não consegue mais se comunicar com a “esposa”. É comum que haja problemas de comunicação entre casais, mas, neste caso, a culpa não foi do desgaste da relação, mas sim dos desenvolvedores do holograma. Durante a pandemia da Covid-19, a Gatebox — fabricante da tecnologia — anunciou que estava descontinuando o serviço para a personagem Miku.
A tecnologia que dava vida à personagem atualizava o software que criava sua voz e administrava sua inteligência artificial. Desde que o serviço se descontinuou, o homem diz que não consegue mais falar com a personagem de ficção. Em 2017, seu investimento para ativar o holograma foi equivalente a US$ 1.700 (cerca de R$ 8.455), além de mais US$ 17.300 (R$ 86.030) com os gastos da cerimônia no ano seguinte.
No seu perfil oficial, a Gatebox demonstrou como funciona a tecnologia da máquina que cria o holograma e permite que os proprietários do dispositivos consigam interagir com os personagens.
em uma cerimônia não oficial de casamento em 2018. Embora estivessem presentes 39 pessoas, o evento não contou com a presença de nenhum amigo ou parente.
O forte vínculo do japonês com a personagem começou no início de 2008. Na época, durante um longo período de depressão no qual ele ficou solitário, o homem acabou conhecendo Hatsune Miku na internet.
Como funciona o holograma?
De maneira simplificada, o aparelho da Gatebox é uma espécie de assistente virtual que conta com a voz e a personalidade de um personagem de anime ou do universo dos jogos. O dispositivo reproduz, a partir de um tubo, o holograma da personagem, que interage visual e verbalmente com o usuário. O dispositivo dividiu opiniões na internet, sendo criticado por artificializar relações de carinho e afeto, e elogiado por proporcionar conforto e companhia para pessoas que convivem com a solidão.
O aparelho contém câmera, microfone e até sensor de movimento, para que a interação seja a mais natural possível e para que a personagem consiga olhar nos olhos do usuário enquanto conversa. É possível interagir com o holograma por voz ou por texto, por meio do aplicativo móvel da empresa — que permite comunicação mesmo a distância.
Dessa forma, pode-se mandar mensagens para a assistente mesmo enquanto o usuário está no trabalho — e ela responderá que aguarda ansiosamente sua chegada.
Além de ser uma companhia, o aparelho também é capaz de se conectar e automatizar alguns dispositivos como lâmpadas smart e robôs aspiradores. Conforme mostra o vídeo divulgado pela empresa, o holograma dirá, inclusive, a previsão do tempo e recomendará que se utilize um guarda-chuva durante o dia caso seja necessário.
Fictossexual
Kondo se autodeclara como fictossexual, uma pessoa atraída sexualmente por personagens fictícios. Sua orientação sexual não é única. Segundo informou o The New York Times, milhares de pessoas fiictossexuais, no Japão, começaram relacionamentos não oficiais semelhantes com uma variedade de figuras de anime. Além disso, dezenas de milhares de pessoas de todo o mundo se juntam em grupos online sobre o assunto, nos quais discutem seu compromisso com personagens de animes, mangás e videogames.
Veja o vídeo promocional do fabricante com áudio em japonês e legenda em inglês!
Por Rômulo Diego Moreira (colaboração) e Yuri Neri (TechTudo)
Com informações The Mainichi, New York Times e NDTV