Desde 2019, houve vários acidentes envolvendo a tecnologia

Rodrigo Mozelli

Tesla enfrenta processo na Justiça dos EUA sobre o papel desempenhado pelo Autopilot em acidente ocorrido em 2019. Este é o primeiro de vários julgamentos relacionados que serão realizados em todo os EUA nos próximos meses.

O julgamento, iniciado nesta quinta-feira (28), trata da morte de Micah Lee, que estava utilizando o Autopilot em seu Tesla Model 3 em uma estrada a 105 km/h ao lado de sua família.

Documentos do processo indicam que, de repente, o carro saiu da pista, bateu em uma árvore e pegou fogo. Lee morreu no acidente, enquanto sua esposa e filho tiveram ferimentos graves.

Os documentos do julgamento mostram ainda que Lee tentou recuperar o controle do veículo, mas “o Autopilot e/ou os recursos do Active Safety não permitiram”.

  • O estado de Lee processou a Tesla, argumentando que a empresa de Elon Musk sabia que o Autopilot e os recursos de segurança aprimorados eram defeituosos no momento da venda do veículo para a vítima;
  • Será interessante ver os argumentos iniciais da Tesla para defender suas tecnologias para entendermos a estratégia de defesa da montadora;
  • Desde 2019, o Autopilot foi ligado a mais de 700 acidentes, sendo, ao menos, 17 fatais, de acordo com análise do The Washington Post em cima de dados da Administração Nacional de Segurança no Tráfego de Estradas dos EUA.

Os demais julgamentos, que devem acontecer no ano que vem, podem mostrar o quanto a tecnologia depende da intervenção humana, apesar de que Musk afirma que o Autopilot é mais segura do que as controladas por humanos.

Vale lembrar que há anos a Tesla tenta se esquivar da responsabilidade por acidentes envolvendo sua tecnologia de direção autônoma.

Para a Tesla continuar a ter sua tecnologia nas ruas, é preciso que se saiam bem nesses julgamentos. Se eles forem considerados responsáveis por muitos desses casos… será difícil a Tesla continuar com sua tecnologia.

Ed Walters, professor de lei de veículos autônomos na Universidade de Georgetown

A Tesla, que não quis comentar o assunto, declarou nos autos do processo que “para ser claro, o Autopilot é um sistema de assistência de direção avançado. Não é uma tecnologia de direção autônoma e não substitui o motorista”.

Os julgamentos do ano que vem possuem dados de momentos em que o Autopilot não agiu como esperado, acelerando de forma inesperada, ou não reagindo com um carro à sua frente.

Além disso, foram 16 recalls do Model 3 de 2019 e inúmeras investigações relacionadas a acidentes envolvendo a tecnologia e aspectos dela.

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Justiça dos EUA vai decidir se Tesla será responsável por mortes envolvendo o Autopilot
Imagem: TierneyMJ/Shutterstock