O responsável pela estratégia da Suécia no combate ao coronavírus admitiu que o país deveria ter adotado medidas mais contundentes de isolamento social para conter a pandemia.
Em resposta a críticas crescentes sobre a posição do país, o arquiteto da resposta oficial de Estocolmo, baseada em ações voluntárias dos cidadãos, admitiu que uma abordagem mais dura poderia ter evitado o alto número de mortes registrado no país.
“Sim, acho que poderíamos ter feito mais do que fizemos na Suécia, claramente”, disse Anders Tegnell, epidemiologista-chefe da Agência de Saúde Pública sueca, à rádio Sveriges. “Se encontrássemos a mesma doença, sabendo exatamente o que sabemos hoje, acho que acabaríamos fazendo algo entre o que a Suécia fez e o que o resto do mundo fez.”
Em números absolutos, a Suécia tem menos mortos pela covid-19 do que países como Reino Unido, Espanha e Itália – os epicentros da doença na Europa. No entanto, a taxa de mortalidade per capita sueca é a oitava maior do planeta.
Em uma entrevista ao Estadão em 8 de maio, Tegnell sustentou que 25% estavam imunes em Estocolmo e rebateu críticas ao modelo adotado no país. “Já temos algo como 25% por cento da população imune, o que significa que atravessamos boa parte do caminho”, disse Tegnell na ocasião.
Considerando apenas a semana entre os dias 26 de maio e 2 de junho, no entanto, o país teve a maior taxa de mortalidade per capita do mundo: 5,29 mortes por milhão. No mesmo período, o Brasil teve 4,34 mortes por milhão de habitantes, segundo o site Our World In Data, que compila dados sobre a pandemia.
O comentário de Tegnell veio após meses de críticas a outros países europeus que adotaram lockdowns: até este momento, o governo sueco, de centro-esquerda, insistia que sua abordagem frente à doença era economicamente mais sustentável.
A insistência gerou uma série de questionamentos e críticas internacionais e domésticas, isolando Estocolmo no bloco europeu Mais tarde nesta quarta, 3, em uma entrevista coletiva, o epidemiologista deu um passo atrás sobre sua declaração e disse que continua a acreditar que a estratégia sueca é boa, “mas que há sempre melhorias que podem ser feitas”.