Vendo fotos de meus antepassados (País, Avós e Bisavós) reparei que, em NENHUMA fotografia, eles estão sorrindo.

Pertenciam ao que o grande sociólogo e filósofo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017) chamava de “MODERNIDADE SÓLIDA”, que, apesar de também apresentar falhas, era caracterizada por:

  • “RIGIDEZ” e “SOLIDEZ” nos relacionamentos humanos;
  • a “VERDADE” era um compromisso MUITO sério;
  • época de relações DURADOURAS, tanto dentro de casa, no ambiente familiar, como em sociedade;
  • havia preocupação com a “Tradição” (do latim Traditio, com significado de TRANSMISSÃO), no caso de “VALORES”;
  • as pessoas CONFIAVAM nas “Instituições” e na SOLIDEZ das relações;
  • a “PALAVRA” valia MUITO.

Nas fotos daqueles tempos “ninguém” sorria.
O “RISO FÁCIL”, naquela época, poderia ser confundido com estupidez (no sentido de privação de inteligência, ignorância, idiotice, imbecilidade …), e a pessoas (ao menos a maioria) não gostavam de serem confundidas com pessoas consideradas “estúpidas”.

Hoje, como explica o historiador e professor Leandro Karnal (1/2/1963):

“é OBRIGATÓRIO sorrir o tempo todo.
Tristezas e “outras”, considera-se como “DEFEITOS”. NÃO podemos ficar tristes.
Se estamos tristes, toma remédio, se temos problemas, toma remédio, se não resolver, toma mais remédio …”

Esta SOCIEDADE de HOJE, Zygmunt Bauman (1925-2017) descreveu como “MODERNIDADE LÍQUIDA”. Um período que se iniciou após a Segunda Guerra Mundial, e começou a ficar mais perceptível a partir dos anos 1960 (talvez suas origens remetam à Revolução Industrial ?).
Suas características são:

  • relações humanas “FRÁGEIS”, “FUGAZES” e “MALEÁVEIS” (como os “líquidos”);
  • as relações econômicas são MAIS IMPORTANTES que as relações sociais e humanas;
  • FRAGILIDADE das relações interpessoais;
  • FRAGILIDADE das relações pessoas/Instituições;
  • no lugar da “Lógica da Moral”, entrou a “Lógica do Consumo”;
  • os seres humanos passaram a ser analisados (quase exclusivamente) pelo que “TEM”, ou conseguem COMPRAR, tanto “bens materiais”, como “atenção”, “pseudo afetos…”, e não pelo que “SÃO”;
  • as “Instituições” PERDERAM sua FORÇA;
  • acompanha a “MODA do MOMENTO”;
  • acompanha a “lógica do CAPITALISMO de CONSUMO”;
  • no lugar de “relacionamentos”, há “CONEXÕES” (algo que se acumule, e possa ser contado “em números”), tanto para amizades, como para relacionamentos amorosos/sexuais, e que, há QUALQUER MOMENTO podem ser DESFEITAS;
  • “SUPERFICIALIDADE”;
  • relações “PSEUDOAMOROSAS”. “Amo” até enquanto for BOM PRÁ MIM; quando não for, DESCARTO e arrumo outro “amor”;
  • Religiões “Líquidas”. O Deus/Religião que eu “sigo” é o que ME CONVÉM no momento; se NÃO CONVIER mais, eu TROCO;
  • busca pelo “PRAZER a QUALQUER CUSTO”;
  • o “humano” torna-se OBJETO;
  • quanto mais “Conexões”, como nas Redes Sociais, MAIS ostentação, MAIS “célebre” torna-se a pessoa, mesmo que estes contatos sejam “SUPERFICIAIS”, “SEM VÍNCULOS” e “VIRTUAIS”;
  • as coisas tornaram-se mero OBJETO DE PRAZER, e NÃO compartilhamento de “emoções”, “amores”, “confiança”;
  • INDIVIDUALISMO.

E nós, portadores de livre arbítrio que somos, ditos “animais RACIONAIS”, e, ao menos teoricamente, distintos dos “outros” animais (que são irracionais), o que queremos para nós?
Uma Sociedade SÓLIDA, ou uma Sociedade LÍQUIDA?
Para continuarmos pensando, temos os ensinamentos do filósofo, teólogo, Mestre em Espiritualidade pela Faculdade dos Jesuítas (em Paris, França) e escritor brasileiro Canísio Mayer, nos lembrando que : “NÃO HÁ NADA MAIS CONTAGIANTE QUE O RISO DE UMA PESSOA SÉRIA.”

Ótima semana !
João Evaristo e família

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Meus antepassados