- Por João Evaristo Bono
Dos anos 1.970, lembro das aulas de “Língua Portuguesa” dadas pelos meus Professores, em especial, Affonso Carlos Bono e Darcy Ungari Monzillo.
Quantas aulas, quantos estudos, quantas ‘Provas”, quantos estresses …
Naquele tempo, “falar Portugues CORRETAMENTE” era importante. Envolvia várias coisas, dentre elas, era demonstrativo de “educação”, “erudição” e “cultura”. Tinha, inclusive, representatividade de “respeito e amor” à Pátria.
Tudo isto ficou devidamente guardado na minha memória.
Recentemente, revisitei toda a “teoria verbal” aprendida naqueles tempos, que, compartilharei em “resumo”, a seguir.
Em nossa Língua, há os “TEMPOS VERBAIS”, que servem para indicar as “formas”, “estados” ou “fenômenos” dos verbos e são :
- Presente (para fatos que ocorrem no “Presente”);
- Pretérito (para fatos ocorridos no “Passado”);
- Futuro (para fatos que ocorrerão no “Futuro”).
Também existem os “MODOS VERBAIS”, cada um com suas características específicas : - Indicativo (com os TEMPOS “Presente”, “Pretérito” e “Futuro”, exprime “fatos e certezas”);
- Subjuntivo (com os TEMPOS “Presente”, “Pretérito” e “Futuro”, exprime “desejos, possibilidades e dúvidas”);
- Imperativo (com o TEMPO “Presente”, indica “ordens ou pedidos”).
Juntam-se ainda ao MODO INDICATIVO no PRETÉRITO, as “formas” : “Pretérito Perfeito”, “Pretérito Imperfeito” e “Pretérito Mais que Perfeito”.
Para o MODO INDICATIVO no FUTURO, as formas : “Futuro do Presente” e “Futuro do Pretérito”.
E, no caso do MODO SUBJUNTIVO no PRETÉRITO, a forma “Pretérito Imperfeito”.
Além disto tudo, existem as “PESSOAS VERBAIS”, que, especificamente na Língua Portuguesa são 3 no “Singular” (Primeira Pessoa=”Eu”, Segunda Pessoa=”Tu” e Terceira Pessoa=”Ele”), e mais 3 no “Plural” (Primeira Pessoa=”Nós”, Segunda Pessoa=”Vós” e Terceira Pessoa=”Eles”).
Há ainda as “FORMAS NOMINAIS” dos verbos: o “GERÚNDIO” (que expressa uma “ação contínua”, que ainda está em curso), o “PARTICÍPIO PASSADO” (indicando o estado da ação depois de finalizada), e o “INFINITIVO” (“Pessoal”, em que há um sujeito definido, e “Impessoal”, quando não há um sujeito definido)
Somam-se também os “TIPOS DE VERBO”, ou seja, aqueles terminados em “AR”, chamados de “1.ª Conjugação”, os verbos terminados em “ER”, ditos de “2.ª Conjugação” e os terminados em “IR”, que são os de “3.ª Conjugação”.
Tudo isto para pdermos, ao menos “teoricamente”, expressarmo-nos da maneira devidamente correta.
UFA !
HOJE parece que toda esta teoria NÃO está mais valendo !
Atitude muito rotineira, em grande parte da população é NÃO utilizar todos estes princípios e abstrações : - os “TEMPOS VERBAIS” que deveriam ser usados no PRESENTE, no PRETÉRITO (passado), e no FUTURO , conforme a situação, NÃO são respeitados. Quando perguntamos se uma determinada pessoa “ENTENDEU” o que falamos, em grande parte das vezes, ao invés de responder no tempo verbal correto, que seria “ENTENDI”, responde simplesmente : “ENTENDEU”, e por aí vai;
- As “PESSOAS VERBAIS”, rotineiramente, também NÃO são respeitadas, NEM nas PESSOAS do SINGULAR, muito menos nas PESSOAS do PLURAL;
- Os “TU” e “VÓS” praticamente NÃO são mais usados, dentre muitas outras situações …
Nas “REDES SOCIAIS” então, a coisa parece estar indo mais rápido. As “ABREVIAÇÕES” vão sendo, cada vez mais uma constante. Por exemplo, “verdade” = “vdd”; “beleza” = “blz”; “saudade” = “sd”; “tamo”(de “estamos”) = “tm”; “você” = “vc”; “também” = “tb”; “depois” = “dps”; “beijo” = “bj”; “relaxa” = “rlx”, “porque” = “pq”, “obrigado” = “obg”; “nada” = “nd”; “quanto” = “qt”, e por aí vai …
Também há “simplicações” para expressar determinadas situações. “Risos”, por exemplo, podem ser expressos como “KKK” ou também “RsRs”, etc …
As MUDANÇAS na Língua Portuguesa sempre foram uma constante, basta vermos o exemplo da palavra tão utilizada “VOCÊ”. Há uns 300/400 anos era utilizado o pronome de tratamento “VOSSA MERCÊ”, e servia somente para pessoas que deveriam ser respeitadas. Há uns 200 anos (+ ou -) acabou virando “VOSMECÊ” (ou também “VOSSEMECÊ”), que era o modo como a maioria das pessoas falava. Depois, provavelmente no final do século XIX e início do século XX, virou “VOCÊ”, e deixou de ser um pronome de tratamento, passando a designar SOMENTE a “pessoa com quem falamos”. Hoje, muita gente também usa o “OCÊ” (especialmente os de Minas Gerais) e o “CÊ”.
Questões “sociolinguísticas” e “culturais” à parte, a “língua” MUDA, especialmente a língua “FALADA”. Tudo é MUITO DINÂMICO.
Cuidados devem ser tomados com a língua “ESCRITA”, que é mais ESTÁTICA que a “falada”. Mudanças aqui, SOMENTE ocorrem quando os filólogos e teóricos a consagram.
A “torcida” fica por conta de não acontecerem mudanças tipo : substituir o “você” ou “cê” de hoje por um “SOM” como o de um “SOPRO” (‘Fuuu !”), por exemplo.
Afinal, a dita “linguagem formal” “AINDA” não saiu (totalmente) de moda.
Ótima semana !
João Evaristo e família Ótima semana !
João Evaristo e família !